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Tamiya Douglas Skyraider - VNAF 1/48
Por:  (Outros modelos do autor)

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HISTÓRICO
"Spad", "Able Dog", "Sandy", ou simplesmente "A-1", são alguns dos apelidos que o Douglas Skyraider adquiriu durante quase três décadas em serviço. Idealizado pelo famoso projetista Ed Heinemann como substituto do bombardeiro de mergulho Douglas SBD Dauntless, o Skyraider voou pela primeira vez em Março de 1945. No entanto, seu emprego em números significativos somente ocorreu a partir de 1950, com o início da Guerra da Coréia. Naquele mesmo ano, ocorreram as primeiras missões de combate do Skyraider.

O Skyraider era uma excelente plataforma de ataque ao solo. Não somente tinha uma capacidade para levar bombas comparável à de uma B-17, como também era extremamente ágil, fácil de pilotar e simples de manter. Além disso, tinha um grande raio de ação e uma resistência excepcional para absorver impactos.

A performance do Skyraider durante a Guerra da Coréia o consagrou como bombardeiro de ataque padrão da U.S. Navy (Marinha dos Estado Unidos) e, mesmo com o término do conflito, ele continuou em uso.

Durante sua vida operacional, foram desenvolvidas mais de trinta versões da aeronave, além de inúmeras sub-versões. Dentre estas, cabe destacar as versões anti-submarino, caça noturno, transporte, e bombardeiro nuclear, apesar de esta ultima nunca haver sido utilizada operacionalmente com este propósito. O desenho básico da aeronave, no entanto, sofreu poucas alterações. Inglaterra, França, e Suécia são alguns dos paises, além dos Estados Unidos, que utilizaram o Skyraider em grandes números.

Outro usuário importante do Skyraider foi o Vietnam do Sul. Em 1959, o Vietnam do Sul pediu aos Estados Unidos alguns jatos para modernizar sua força aérea face à ameaça mais presente do Norte. Como o Tratado de Genebra assinado ao final da Guerra da Indochina em 1956 proibia a introdução de aeronaves a jato na região, os Estados Unidos ofereceram Skyraiders para reequipar a VNAF (Força Aérea do Vietnam do Sul), chegando os primeiros aviões ao país em Setembro de 1960. Outras entregas ocorreram e o Skyraider se tornou o principal avião de ataque da VNAF durante a Guerra do Vietnam. Ele continuou desempenhando este papel até o final dos anos 60, quando a restrição ao uso de jatos foi suspensa e ele começou a ser substituído pelo caça-bombardeiro a reação Cessna A-37. Apesar deste programa de modernização, os Skyraider da VNAF continuaram em operação até a queda de Saigon em 1975, a qual marcou o final do conflito e a extinção da VNAF.

O Skyraider também foi utilizado durante a Guerra do Vietnam pela U.S. Navy e pela USAF (Força Aérea dos Estados Unidos), que encontrou na aeronave um substituto perfeito para os fatigados A-26 Invaders. Cabe aqui destacar seu desempenho extraordinário como escolta nas missões de salvamento em território inimigo. Muitas vezes, estas missões eram levadas a cabo no interior do Vietnam do Norte, a centenas de quilômetros da fronteira com o Vietnam do Sul, colocando em grande risco o pessoal envolvido neste tipo de operação. Mesmo assim, foram salvos nestas missões um total de quase 4.000 homens, sendo isto em grande parte possível graças à cobertura aérea com enorme poder de fogo e alta precisão proporcionada pelos Skyraiders.

O Skyraider continuou em serviço ativo até o meio da década de 70. Ao todo, foram construídas um total de 3.180 unidades. Alguns podem ser vistos ainda hoje voando nas mãos de colecionadores ou expostos em museus no exterior.

O MODELO
O Skyraider da Tamiya na escala 1/48 foi lançado em 1998, sendo esta a versão A-1H (ou AD-6), utilizado pela U.S. Navy. Posteriormente, a Tamiya lançou o mesmo kit, porém com peças e decalques para a versão da USAF.

O kit que montei foi o da U.S. Navy, com as modificações que menciono a seguir para converte-lo a um dos modelos usados pela VNAF . Algumas destas modificações, no entanto, são desnecessárias caso se utilize o kit na versão da USAF.

Assim como outros lançamentos recentes do mesmo fabricante, o nível de detalhe do kit é simplesmente excepcional. Além disso, sua montagem é relativamente simples e todas as peças se encaixam perfeitamente.

Apesar de ser um kit excelente, as bombas incluídas na versão U.S. Navy são mais apropriadas para um avião dos anos 50. Além disso, os decalques são um pouco grossos. Mesmo assim, a facilidade de construção e alto nível de detalhe do kit permitem que mesmo um modelista com pouca experiência construa uma replica perfeita do avião real.

MONTAGEM
Antes mesmo de ser anunciado o lançamento do Skyraider pela Tamiya, eu já havia planejado construir o antigo modelo da Monogram nas cores da VNAF, pois sempre achei os esquemas de decoração de suas aeronaves muito atraentes. Além disso, a historia da VNAF sempre me interessou pela sua participação pouco divulgada na Guerra do Vietnam e pelo seu trágico fim. Com o lançamento do kit da Tamiya e de uma folha de decalques sobre os Skyraiders da VNAF pela Cutting Edge (folha CED48-097), decidi levar o projeto adiante.

Antes de montar um kit, normalmente seleciono algumas fotografias do avião que quero construir para que estas sirvam como referencia durante toda a montagem e acabamento do modelo. Esta etapa, a meu ver, é fundamental para se construir um modelo que represente o mais próximo possível a realidade.

Algo que me chamou a atenção durante a procura de fotos dos Skyraiders da VNAF foi a relativa falta de literatura e material fotográfico sobre o tema, apesar da VNAF ter cessado de existir há pouco mais de duas décadas.

Como o kit corresponde à versão utilizada pela U.S. Navy, algumas modificações foram necessárias para que ele pudesse representar uma aeronave dos últimos anos de operação da VNAF. Estas modificações foram basicamente duas: substituição do assento do piloto incluído no kit por um outro representando o assento ejetável conhecido como sistema de extração "yankee" e substituição das bombas por outras mais adequadas à Guerra do Vietnam.

Ou invés de simplesmente substituir o assento do kit, decidi trocar as peças que formam o cockpit do modelo pelo cockpit em resina para o Skyraider da Cutting Edge (item CEC48103), o qual contém um sistema de extração "yankee" muito bem detalhado. Como o produto da Cutting Edge foi desenhado especificamente para o kit da Monogram, tive que adaptá-lo ao kit da Tamiya pois as superfícies internas dos dois modelos são um pouco diferentes. Uma vez adaptadas as peças em resina, pintei-as com tinta acrílica Aeromaster código 1004 "Tire Black" e realcei os detalhes com a técnica de pincel a seco usando cinza-claro.

Terminado o cockpit, prossegui com a montagem do kit seguindo os passos indicados na folha de instruções que acompanha o mesmo. Durante a montagem, não instalei o gancho de parada, pois pude verificar através das fotos que estes não eram utilizados pelos Skyraiders da VNAF (os da USAF tinham o gancho instalado). Também deixei os freios aerodinâmicos fechados, pois na aeronave real eles ficavam travados nesta posição quando estavam no solo, sendo incorreta, portanto, a exibição do modelo com eles abertos.

A montagem ocorreu sem problemas, não sendo necessária em nenhum momento a utilização de massa "putty". Vale a pena mencionar que o nariz da aeronave real era inclinado para baixo aproximadamente 3 graus relativo ao eixo central da fuselagem, sendo portanto correta a inclinação que o kit apresenta.

Em substituição às bombas incluídas no kit, utilizei bombas Mk 82 e M-117 provenientes do kit da Hasegawa "Aircraft Weapons: A" (kit X48-1). Com esta mudança, foi necessário também adequar os cabides de bombas, eliminando o encaixe específico que cada um possui para instalar as bombas do kit. Aproveitei também para detalhar os cabides de bombas com suportes obtidos do set em resina da KMC numero 48-5070 "A-1H/J Skyraider Weapons Pylons Set". Antes de montar as bombas nos cabides, pintei o modelo nas cores da VNAF.

PINTURA E ACABAMENTO
O esquema de pintura dos Skyraiders da VNAF seguiam aproximadamente o mesmo padrão adotado pela USAF para a aeronave durante a Guerra do Vietnam. O esquema consistia nas cores Areia (Tan FS30219), Verde Escuro (Dark Green FS34079) e Verde Médio (Medium Green FS 34102) na parte superior e Cinza Claro (Light Grey FS 36622) na parte inferior.

Para a pintura do modelo utilizei as tintas acrílicas da marca Polly-Scale que não são tóxicas e são de secagem rápida. A meu ver, uma vantagem das tintas acrílicas é que, além da secagem rápida, elas "encolhem" um pouco depois de aplicadas, formando uma camada muito fina na superfície do modelo, o que faz com que detalhes como linhas de painel continuem bem visíveis depois que a tinta seca.

A pintura foi feita a mão livre utilizando um aerógrafo Badger 150 de dupla ação. Usei as fotos que selecionei durante a pesquisa como guia pois, observando-as, pude notar que o esquema sugerido no instrutivo da folha de decalques da Cutting Edge tinha algumas imprecisões.

Primeiro pintei a parte inferior do modelo em Cinza Claro (FS36622). Como a tinta é um pouco "rala", fiz três aplicações com um espaço de tempo de uma hora mais ou menos entre cada aplicação.

A seguir, desenhei levemente com um lápis as bordas de cada cor na parte superior do modelo. No centro de cada área, escrevi uma letra para lembrar a cor a ser aplicada. Esta tarefa levou uma meia hora, mas me ajudou a evitar erros no momento da pintura.

Depois de terminada a delineação das bordas entre as cores, pintei as partes superiores a mão livre com o aerógrafo observando os cuidados que se devem ter quanto a distancia, pressão do compressor, etc. neste tipo de pintura. Pintei primeiro a cor mais clara (Areia) e em seguida as mais escuras.

Terminada a pintura, apliquei outra vez as cores da superfície superior, desta vez porém misturadas na proporção de 1 para 10 com o cinza claro usado na parte inferior (ou seja, 1 de cinza para cada 10 da cor usada). Esta segunda aplicação foi feita diretamente sobre as áreas pintadas anteriormente evitando, contudo, as bordas e as linhas de painel. Com isto, consegui um efeito de "desbotado" na camuflagem do modelo, o que ajuda a dar mais realismo ao acabamento.

A seguir, colei os decalques. Depois de secos, apliquei verniz brilhante acrílico Aeromaster em todo o modelo. Deixei secar aproximadamente 48 horas e usando tinta esmalte cor Preta diluída em thinner na proporção 1:10, realcei com um pincel fino as linhas de painel. A cada cinco minutos, retirei o excesso com um cotonete umedecido em thinner. O verniz brilhante evita que a tinta preta diluída penetre na camada de pintura, fazendo com que ela fique acumulada nas linhas de painel, que é o efeito desejado.

O ideal é fazer o procedimento acima em partes completas da aeronave como, por exemplo, a superfície superior de uma asa, um lado da fuselagem, etc. O procedimento de limpeza com cotonete deve ser feito levemente e tomando o cuidado para remover somente a tinta preta e não a pintura do modelo. No entanto, se isto ocorrer, basta retocar a pintura com o aerógrafo ou mesmo com um pincel.

Terminada a pintura, reproduzi os traços de fumaça da fuselagem de acordo ao que pude observar nas fotos do avião real. Usei para isto a tinta acrílica cor Smoke (código X-19) da Tamiya e pastel cinza escuro. A seguir, apliquei uma camada de verniz acrílico fosco da Aeromaster sobre todo o modelo como acabamento final da pintura.

O próximo passo foi a instalação das bombas nos cabides. Para que elas ficassem nas posições correspondentes, perfurei cada bomba e cada cabide com uma broca bem fina. Em seguida colei pedaços curtos de arame em cada bomba para servirem como "pinos" de fixação. Depois, posicionei e colei cada bomba no cabide correspondente. Desta forma, mesmo movimentando o modelo, as bombas não caem dos cabides. Além disso, não ficam traços de cola nas bombas.

A ultima etapa foi instalar a antena no modelo. Como antena, usei uma linha de pesca bem fina (0.04 de polegada). Para fixá-la, fiz um orifício em cada ponto de fixação da fuselagem. Depois inseri a linha de pesca em cada orifício com auxilio de uma pinça, colando-a com uma gota de Super Bonder (Cianocrilato) aplicada com um palito.

Com isto terminei a montagem do modelo. No total utilizei mais ou menos 80 horas na sua construção. Aproximadamente 1/3 do tempo foi gasto na montagem do cockpit, 1/3 na montagem do armamento e 1/3 na montagem geral do modelo, pintura e acabamento.

FICHA TÉCNICA

  • Fabricante: Douglas Aircraft Company
  • Denominação: A-1H (ou AD-6) Skyraider
  • Tipo: Bombardeiro de Ataque
  • Tripulação: Um
  • Motor: Wright R-3350-26WD
  • Envergadura: 15,2 m
  • Comprimento: 12,0 m
  • Altura: 4,8 m
  • Peso: 5.450 Kg (vazio); 11.340 Kg (com carga máxima)
  • Velocidade Máxima: 528 km/h
  • Teto de serviço: 8.700 m
  • Alcance: 2.117 km
  • Armamento: 4 canhões de 20 mm nas asas

BIBLIOGRAFIA

  • "Skyraider In Action" - Squadron/Signal Publications Inc.
  • "Douglas A-1 Skyraider - A Photo Chronicle" - Frederick A. Johnsen - Schiffer Publishing Ltd.
  • "Famous Airplanes of the World nº 6 - Douglas A-1 Skyraider" - Burindo Co., Ltd.
  • "Warpaint Series nº 18 - Douglas Skyraider" - Hall Park Books Ltd.
  • "VNAF - South Vietnamese Air Force 1945 - 1975" - Jim Mesko - Squadron/Signal Publications Inc.
  • "Wing Masters" numero 7 (Novembro - Dezembro 1998)
  • "Scale Aviation Modeller International" - Vol. 4 nº 10 (Outubro 1998)
  • "Replic" numeros 81 (Maio 1998) e 92 (Abril 1999)


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