O Kit:

Trata-se do kit da Tamiya, na escala 1/48, representando a aeronave WR-P, de nº de série 42-106950, do 355º FG, 354º FS, baseado na Inglaterra, em 1944.

A referência principal para a camuflagem foi uma foto colorida publicada num artigo da Wings of Fame Vol. 1 (pags 56 e 57).

Camuflagem:

Várias hipóteses surgiram ao longo dos últimos anos sobre a camuflagem desta aeronave, desde Olive Drab até camuflagem dirsruptiva em dois tons de verde escuro da RAF.

Pessoalmente, acredito que um único tom de verde escuro (padrão RAF) fora aplicado em campo, diretamente sobre as superfícies superiores. As listras de invasão em preto e branco teriam sido acrescentadas mais tarde sobre e sob as asas, e circundando inteiramente a fuselagem.

Posteriormente, quando as listras de invasão de todas as superfícies superiores tiveram de ser removidas, optou-se por repintá-las com o mesmo tom de verde usado anteriormente. Entretanto, como a primeira demão de pintura já havia desbotado, como resultante temos a diferença de tons de verde que pode ser constatada nas fotos do avião real. Além disso, as listras de identificação brancas teriam sido acrescentadas apenas nas partes superiores das asas e estabilizadores horizontais nesta mesma ocasião. Curiosamente, foram mantidas as listras de invasão nas superfícies inferiores das asas e da fuselagem, ao mesmo tempo em que as superfícies inferiores dos estabilizadores horizontais receberam listras em preto, fato comprovado por fotos da época (Koku-Fan Illustrated nº 82, pág 112).

Construção do kit:

Infelizmente não possuíamos uma lente de aproximação para mostrar em fotos os detalhes do interior do kit, pois eles foram inteiramente refeitos, como segue abaixo.

O único grande erro do kit está no assoalho do cockpit, onde a Tamiya optou por representar o assoalho como sendo a parte superior da asa. Isso de fato existiu, mas apenas nos P-51 equipados com motores Allison (P-51, P-51A e A-36). Ocorre que a partir do P-51B, uma prancha de madeira envernizada passou a servir como assoalho.

Desta forma, esta peça foi acrescentada no kit, a partir de um kit de detalhamento em resina da True Details. Esta, além do colimador da mira, foram as únicas peças do set da True Details que utilizei. Ainda assim ambos foram bastante alterados, pois incluí no assoalho os indicadores do nível dos tanques de combustível; e os visores transparentes no colimador (ambos feitos em acetato).

As paredes laterais do cockpit do kit são muito simplificadas. Quando estava me preparando para instalar as peças correspondentes de resina, percebi que a espessura total das paredes de plástico da fuselagem mais as das peças de resina ficaria excessiva. Para contornar isso, resolvi refaze-las inteiramente em "scratch", com todas as manetes, alavancas e demais comandos ali representados. Isso implicou também refazer as longarinas do cockpit, a blindagem e a estrutura do santo Antônio, entre o assento do piloto e o rádio.

Usei o painel de instrumentos e as fivelas do cinto de segurança da Eduard, pois na minha opinião trata-se da forma mais realista de representá-los. Os cintos propriamente ditos foram feitos a partir de folhas de chumbo, encontradas no lacre de garrafas de vinho (o que aliás permite juntar o útil ao agradável...).

No porão do trem de pouso principal, foram acrescentados tubos, linhas hidráulicas e engates da perna do trem. As pernas do próprio trem foram detalhadas com linhas de freio, engates, forquilhas etc., ausentes e/ou excessivamente simplificados no kit original. A roda da bequilha foi separada da sua estrutura.

Externamente, refiz o espelho do piloto com folha de metal e acrescentei os trilhos do canopy Malcolm na fuselagem. Substituí o canopy do kit pelo da Squadron, de acetato.

Na asa principal, refiz o farol de pouso e as luzes de identificação na ponta da asa inferior (Âmbar, vermelho e verde). As metralhadoras foram também refeitas, pois elas estavam originalmente moldadas na metade superior da asa. Na parte inferior, os fusos de fixação dos cabides subalares e a tubulação externa dos tanques de combustíveis foram acrescentados.

A base das pás da hélice (propeller cuffs) tiveram seu perfil corrigido, e a emenda do spinner do kit (muito evidente, se deixada sem correção) suprimida. Os profundores foram separados e reposicionados.

Pintura:

Utilizo em meus modelos apenas tinta nitrocelulose automotiva (Duco), pois como seu rendimento é muito maior, o investimento final em dinheiro é bem menor em relação ás tintas compradas prontas. Entretanto, usar tinta Duco implica sempre pintar com aerógrafo.

Para pequenos retoques ou para pintar pequenas peças com pincel, utilizo tintas acrílicas à base de água da Testors.

Como uso somente cores básicas (amarelo, vermelho e azul, além de preto e branco), misturo-as individualmente para atingir o tom que procuro. Tenho o hábito acrescentar por volta de 10% de branco nas cores de camuflagem que preparo, para quebrar ligeiramente a intensidade das cores e adequá-las à escala.

Jamais uso a cor preta pura (acrescento sempre cerca de 3% de branco). No caso do branco, diminuo sua intensidade, acrescentando um pouco (mas muito pouco mesmo) de verde oliva. Pinto os pneus com uma cor similar ao FS 37056.

O tom básico de verde da camuflagem do kit correspondeu inicialmente ao FS 34079. Entretanto, acrescentei branco em proporções distintas para distinguir a cor nova da cor desgastada pelo tempo.

A cor de alumínio do restante da aeronave foi reproduzida com o Alumínio Mixing Fino da Wanda, que infelizmente não existe mais no mercado. Esta tinta era uma excelente simulação de alumínio já oxidado, como era o caso das aeronaves na 2ª guerra.

As superfícies de tela da cauda receberam uma demão de verniz semi-fosco, para eliminar seu aspecto metálico (elas eram na realidade seladas e depois pintadas com tinta prateada).

Insígnias:

Utilizei parte das insígnias provenientes da folha de decal da Superscale (48-019). Entretanto, como os códigos WR-P desta folha estavam sub dimensionados, pintei-os diretamente no kit com o auxílio de máscaras.

Acabamento e sujeira:

Foi com surpresa que constatei que os P-51 operacionais voavam relativamente limpos (ao menos os que voavam na Europa), pois até mesmo as manchas de fuligem nas asas resumiam-se em geral apenas ás saídas dos cartuchos das metralhadoras. Acredito que como o P-51 possuía asa com aerofólio de fluxo laminar, provavelmente as equipes de terra tinham ordens de manter as asas sempre limpas, pois quaisquer imperfeições ou sujeira acarretariam significativas perdas de rendimento (aqui cabe um adendo: até mesmo os P-51 sem pintura, em alumínio natural, NÃO o eram assim nas asas; estas eram pintadas com um produto para eliminar as imperfeições da superfície, e em seguida pintadas com tinta prateada...).

Desta forma, acrescentei apenas manchas de óleo na parte inferior da fuselagem (simuladas com tinta a óleo marrom bem escuro, jamais preto), e acentuei algumas linhas de painel adjacentes com tinta guache e água (para a mistura correr por capilaridade). Simulei um pouco de lama nos pneus, também com tinta guache. Esta é sempre útil, pois basta remove-la com água, caso haja exagero na aplicação.

Referências principais:

" Wings of Fame Vol. 1
" Koku-Fan Illustrated nº 82 (Burin-Do)
" Detail & Scale nº 50 - P-51 Mustang part 1 (Squadron)
" Walkaround nº 13 - Allison Engined P-51 Mustangs (Squadron)
" P-51 Mustang In Action nº 45 (Squadron)
" P-51 Mustang In World War II and Korea Colour (Motorbooks)
" Replic nº 31, 54 e 88
" F.A.O.W. nº 28 e 75 (Burin-Do)
" Air Classics Quaterly " Spring 1975
" WW II War Eagles in Original Colour (Widewing)
" WW II Pacific War Eagles in Original Colour (Widewing)
" Profile nº 100
" Camouflage & Markings nº 16 - USAAF WW II
" Fighter Command (Motorbooks)
" The 9th Air Force In Colour (Arms and Armour)
" The Mighty Eighth In Colour (Arms and Armour)