Foi em 1987, quando eu fiz meu aniversário de 10 anos. Na época gostava de aviões, mas não sabia que havia aviões de plástico para montar. Fui com meus pais no Carrefour, o objetivo era comprar a carruagem forte apache PlayMobil, com sete bonecos e cinco cavalos (feliz era o garoto que tinha um kit Playmobil com sete bonequinhos).

Bom, não havia mais daquele kit a venda, então meu pai me deixou escolher uma outra coisa. Vi um Boeing 747 montado, aberto do lado esquerdo, mostrando o interior. No entanto, era somente monstruário, pois não havia mais no estoque.

A mulher que nos atendeu então nos mostrou a seção com aviões para montar, onde havia vários kits Revell (naquela época, quase todos os kits eram Revell, tanto que até hoje são conhecidos assim). Como não conhecia, escolhi o maior que havia. Era um avião japonês, escala 1/32.

Chegando em casa, comecei logo a montar. Por sorte, naquela época, o kit ainda vinha com um tubo de cola. A partir dai, começou a trágedia...Lógico, como todo primeiro kit, ele não foi pintado, somente colado. O motor (radial, super detalhado, com umas oito peças formando o conjunto) foi montado. A carenagem tinha duas aberturas não coláveis, para mostrar o motor, mas elas foram coladas, escondendo todo o detalhamento.

Nas asas, havia dois tanques de combustivel (4 metades), montei as duas metades esquerdas e as duas direitas. Assim, um tanque ficou com os dois suportes que encaixavam na asa e o outro sem nenhum.

O mais engraçado, foram os trens de pouso. Todo kit vêm com a opção "no ar" (com os trens recolhidos) e "pousado" (com os trens abaixados). O avião com os trens recolhidos, deixava à mostra meia roda embaixo da asa. Como era essa a primeira opção nas instruções, montei a opção "no ar" (embora não fosse o que queria). Logo em seguida, montei o trem de pouso (abaixado). So aí que vi que faltava a meia roda, que era a que foi colada sob a asa. Mesmo assim, o kit ficou com os trens abaixos com meia roda cada.

O canopi, é claro, ficou totalmente branco, pois foi queimado pela cola especial. Os decais, que não sabia como funcionavam, meu pai ajudou a colocar. Mesmo assim, alguns ficaram trincados.

Com o tempo o kit foi se destruindo, pois era usado como brinquedo. Até que um dia foi jogado fora. Eu semprei pensei que aquele kit era um Zero, e como nunca fui aficcionado de aviação japonesa, fiquei com essa lembrança. No entanto, alguns detalhes não batiam com o desenho do Zero e do avião que tinha montado.

Somente ano passado, fui saber qual avião realmente era. Comprei em um sebo a coleção "Caças do Eixo" e lá pude descobrir que avião tinha montado. Tratava-se de um Hayabusa Ki-43 Oscar. Além do trem de pouso traseiro ser diferente, ele tem vidro com menos armações. No entanto, o detalhe que resolveu a questão foi o trem de pouso principal: O Oscar tem a carenagem do trem de pouso com um triângulo que envolve a suspensão do trem de pouso. Já o Zero possui essa parte reta, sem o envolvimento da suspensão. Como me lembrava desse detalhe, pude finalmente saber qual avião havia montado pela primeira vez.

Matias Schweizer