HISTÓRIA:
O período entre os anos de 1967 e 1972 ficou conhecido com os anos de ouro da Mclaren. Bruce Mclaren era corredor e dirigente da equipe que teve sucesso com seus carros M6 a M8, conquistando 5 campeonatos consecutivos (56 vitórias) da categoria chamada Can-Am. A categoria envolvia provas no Canadá (Can) e Estados Unidos (Am) e existiu entre 1966 a 1973. Após a crise do petróleo, em 1971, a categoria tornou-se muito cara, e a Mclaren partiu para outros rumos, voltando-se para a Fórmula 1. Ainda assim, seus chassis mais antigos continuaram a correr na categoria, através de outras equipes até o final da categoria.
O modelo apresentado aqui é o M8D, de 1970, conhecido com Batmovel. Seu apelido era devido às suas linhas aerodinâmicas integradas com o aerofólio traseiro (uma inovação apresentada justamente nessa categoria). Foi justamente nesse modelo que Bruce Mclaren, numa sessão pré-temporada, morreu, em 2 de Junho de 1970.
(Aos entusiastas, sugiro escutar a sinfonia de uma Mclaren M6B).
MODELO:
Esse modelo é da marca MPC, já falida, cujo os moldes passaram para a Airfix. É na escala 1/20, um tanto estranha para carros em geral, embora seja bastante comum para Fórmula 1 (Acho que o diretor viu o nome Mclaren e decidiu que seria 1/20). Aparentemente, a MPC ainda possui um outro kit da série M8, das séries mais antigas. A maioria das peças é compatível, mudando somente a carenagem e o aerofólio (lá nas alturas). Curiosidade, o carro é o M8D e não Mk.8d como aparece na caixa. Um detalhe que causa enorme diferença quando se busca referências na internet.
O kit é mediano. Não é muito ruim de encaixes, mas péssimo de detalhes. Possui muitas grades cromadas, o que são totalmente inúteis, devido à quantidade de rebarbas (odeio grades cromadas!). A escala 1/20 ajuda na confecção de detalhes, o que poderia ser mais promissor, se houvesse mais referências sobre o modelo.
Esse kit eu já havia montado em 2002. Na época achei o resultado bom, mas achei que a pintura da carenagem ficou a desejar, com muita "casca de laranja" (há fotos do modelo anterior, na Galeria do site). Tentei refazer somente a pintura, mas por conta dos decais, que não poderiam ser inutilizados, a tarefa mostrou-se complicada. No fim, acabei comprando um kit novo e começando do zero. Felizmente, essa decisão me permitiu incorporar boas têcnicas que aprendi nesses anos todos.
MONTAGEM:
Boa parte do trabalho do modelo é em retirar as rebarbas, pinos de injeção, etc. As peças cromadas foram todas repintadas. O cromo pode ser retirado mergulhando a peça em Água Sanitária por uns minutos. O motor foi melhorado um pouco. Os copos de admissão de ar do kit foram substituidos. Consegui um resultado fantástico usando antena de TV. Tentei chanfrar um pouco os copos, mas o latão não é muito maleável e trinca com facilidade. Assim, o chanframento foi o mínimo para apresentar resultado. Detalhe para o alinhamento dos copos que não é simétrico. há quatro conjuntos de copos maiores e quatro menores.
Os escapamentos eram maciços na saída. abri-os com estilete dando um resultado melhor. Outro efeito interessante foi feito com laca acrílica metálica e tons de "smoke" e azul nos mesmos. A peçaa, no entanto, não se encaixa bem no motor.
Para a suspensão, eu tinha um set antigo de discos de freio que utilizei para melhorar o visual. Também cortei as molas moldadas no estireno e as fiz com arame. Na estrutura do chassis, há algumas peças que podem ser abertas, dando um visual melhor ao modelo, principalmente a parte onde o volante gira o eixo dianteiro. Por ali, também coloquei uns fios para os instrumentos do painel. As rodas foram as únicas peças cromadas mantidas do kit.
Um refinamento simples, mas que mudou totalmente o visual (todos comentam o mesmo) foi colocar um extintor de incêndio ao lado do assento do motorista. Realmente deu vida ao modelo.
Quanto à carenagem, o fabricante sugere que a peça seja cortada para mostrar os detalhes. No entanto, não é necessário. A peça pode ser tirada/colocada, mesmo sem os cortes. E ainda fica mais firme. A carenagem em si, é bem feita, incluindo o detalhe dos pinos laterais que a prende no chassis. O único porém são as duas entradas de ar laterais, que poderiam ser abertas, melhorando o visual. Eu tentei abrir uma delas, mas desisti logo, seria muito complicado.
PINTURA:
A pintura em si não traz muitas dificuldades. O carro é todo em tom único de laranja, o qual usei tinta Duco. O detalhe é que não sou muito bom com carros e uso de vernizes, polimento, etc. Após os decalques aplicados, foram passadas várias camadas de verniz bicomponente, o que emparelhou os decais, fazendo desaparecer o filme dos mesmos. No entanto, alguns defeitos no verniz me fizeram lixar até que os mesmos sumissem e acabei tendo que repintar algumas partes. Felizmente, o polimento em tinta Duco pareceu mais brilhante do que sobre verniz bicomponente. Realmente, trabalhar com esse tipo de pintura/verniz é para poucos.
Quando ao aerofólio, tentei fazê-lo cromado (as instruções na caixa indicavam que seria assim), mas pesquisas posteriores indicaram que o mesmo não era alumínio cromado e sim pintado de um tom azul muito escuro (azul-tão-azul-que-parece-preto). Daí ficou mais fácil, pois tinha uma cor justamente assim.
Os retrovisores foram feitos para simular cor cromada, mas sem o mesmo resultado. Os espelhos foram feitos com InsulFilm espelhado, o que dá um resultado bastante real (melhor que Bare-metal e afins).
DECAIS:
Os decais escolhidos foram os de Bruce Mclaren (4), embora, pelas pesquisas, isso não se mostre correto. Ocorreu que Bruce Mclaren morreu nos testes da pré-temporada de 1970, de modo que essa pintura nunca existiu. Seja como for, fica em forma de homenagem, já que sou grande admirador da equipe.
Os decais não são muitos, não há patrocinadores, apenas as empresas que forneciam alguma parte do carro. Os decais têm um filme grosso e uma borda razoável, o que pode ser cortada com um bisturi antes de mergulhá-la na água. A aplicação é simples para a maioria dos decais, exceto pelo (4) lateral.
Esse número fica justamente sobre a abertura de ar e entre as carenagens superior e inferior, tendo que ser dividido em três partes. Com uma folha centimetrada, consegui uma medida que pudesse fazer os cortes simétricos em ambos os lados. Na verdade, acabei tendo que refazê-los, pois a aplicação não ficou boa sobre a superfície curva, gerando bolhas e trincas. Felizmente, havia um (4) na folha de decal. Além disso, como disse, tive outro modelo anterior, de modo que tinha outro (4) de lá tambêm. Assim, primeiro cortei os números de sua superfície (bola) branca. Fiz círculos com fita Tamiya e pintei de branco. Só então apliquei os números novamente. O resultado ficou bom.
CONCLUSÃO:
Como sempre digo, acho que o modelista de automóveis é o Top dentre os modelistas. Acho muito trabalhoso; Acredito que cada carro implique num esforço cinco vezes maior que em um avião normal. Por isso, me reservo a montar apenas kits de carros que eu goste MUITO. Caso contrário, acho que minha prateleira de kits por vir, estaria ainda mais abarrotada.
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