INTRODUÇÃO:
O Fw-200 condor foi desenvolvido em meados dos anos 30, como resposta ao então moderno DC3. O avião tinha, em linhas gerais, o mesmo formato, com linhas aerodinâmicas, trem de bequilha, embora todos fossem retráteis e asas levemente enflechadas. Obviamente, o modelo era maior e quadrimotor. Tinha grande autonomia e podia cruzar o atlântico sem escalas. No Brasil, foi o primeiro quadrimotor a operar comercialmente, pela Condor Syndicat (posteriormente, Cruzeiro do Sul). Era um modelo caro, mas confortável e confiável (Mesmo com as sanções economicas, os dois Fw-200 da Condor voaram até 1947, tendo apenas seus motores americanizados).
Inicialmente, o modelo não interessou à Luftwaffe, pois não se encaixava no conceito da guerra-relâmpago (Blitzkrieg), que deveria utilizar modelos de ataque leves e médios, de ação rápida e integrada com o exército. No entanto, o primeiro interesse veio como aeronave de transporte, sendo que uma das unidades foi destinada ao transporte pessoal de Hitler. Posteriormente, sua grande autonomia mostrou-se valiosa em missões de patrulha marítima. Assim, foi feita uma adaptação às pressas para utilização armada do modelo.
Os aviões receberam motores mais potentes e armamento defensivo. Como o modelo não foi previsto como bombardeiro, não havia espaço destinado às bombas no projeto e o bomb-bay deveria ser externo, devido à caixa das asas. Uma gôndola externa foi adaptada, sendo que sua porção frontal e traseira levavam metralhadoras (posteriormente, foi adaptado um canhão frontal, ofensivo). Devido ao aumento de peso, os trens-de-pouso receberam rodas duplas. Essas adaptações foram levadas, inicialmente, como motivo de piadas. A vantagem do Condor era sua espaçosa fuselagem, que podia acomodar, com facilidade, combustível, radar e outros equipamentos. As versões finais incluiam o radar FuG 200, e bombas guiadas por rádio Henschel Hs-293.
Apesar de problemas com pistas de pouso despreparadas (era comum a fuselagem se dobrar entre as asas e a cauda) e das dificuldades de se colocar armamento ofensivo, o Fw-200 mostrou-se uma excelente plataforma antinavio, sendo inclusive apelidado, por Winston Churchill, de O Flagelo do Atlântico. Isso, contando ainda que apenas 276 unidades foram produzidas.
MODELO:
Na escala 1/72 esse modelo só é produzido pela Revell. Existem duas opções na escala 1/48; a Trumpeter promete lançar novos modelos 1/72 em diversas versões futuramente. É interessante citar as opções da Revell para esse modelo.
- Fw-200C Antigo: As primeiras opções desse modelo são de um molde antigo, dos anos 60/70. O modelo é ruim, mas não é péssimo. As peças se encaixam bem, mas sofrem de características do modelismo da época: poucos detalhes pequenos, detalhes em alto relevo e rebites grandes, além das famigeradas partes móveis. Atualmente, esses modelos valem mais como peça de coleção do que como kits. Esse modelo era vendido como raridade no eBay, mas após o lançamento do novo molde, muitos foram desovados, mostrando que o mesmo não era tão raro assim. Esse mesmo molde ainda foi reembalado nos anos 90 pela Revell. É importante não confundir com o novo modelo Fw-200C.
- FW-200B: O modelo em molde novo, foi lançado inicialmente como versão de transporte militar. Não conheço o modelo, mas acredito que seja da série nova da Revell, com detalhes similares ao Fw-200C novo.
- FW-200 Cívis: Mesmo molde da série Fw-200B, mas nas pinturas cívis, inicialmente lançado com as cores da Lufthansa. Para os entusiastas da aviação cívil brasileira, foi lançado uma série especial do mesmo modelo, já nas cores da Condor Syndicat.
- Fw-200C Novo: Esse molde faz parte das séries novas da Revell. Como já citei em outros modelos (He-177), os moldes são de alta qualidade. Com muitos detalhes internos (e, especialmente útil, com partes escamoteáveis que permitem sua visualização), bom detalhamento externo, armamentos especiais (Fritz-X, Hs-293) e encaixe muito bom. O Kit é montado em alto nível sem uso de detalhes externos. Nesse caso, o único pecado são as antenas do radar, que são peças muito grossas de estireno, as quais foram substituídas por providenciais Photo-Etcheds.
MONTAGEM:
Como já disse, o modelo é muito bom. O interior é bem detalhado e montado em dois conjuntos principais. O frontal, que inclui cabine, mesa de navegação e rádio, estantes, etc. Essa peça termina com um cortinado que o separa da seção central.
A seção central não é visível, mesmo com as grandes janelas, então não se faz necessário que haja peças para a mesma (Os modelos 1/48 trazem detalhes para essa parte). O segundo conjunto mostra as posições de defesa, com detalhes da mesa de refeição, dentre outros. Como essa parte é bem visível, há um cuidado necessário. O conjunto traseiro deixará visível uma emenda da fuselagem, pois termina em uma caverna aberta. Por isso, eu fiz um prolongamento do piso e colei na parte traseira desse conjunto, disfarçando o efeito (vide fotos).
Após a montagem dos mesmos a fuselagem pode ser fechada. Aqui, o primeiro cuidado importante. Há duas tampas escamoteáveis para mostrar os conjuntos citados. Essas peças tem um encaixe perfeito com a fuselagem, e a fuselagem, quando encaixada sem peças, também se encaixa perfeitamente. No entanto, Após o encaixe dos interiores, a fuselagem não fecha tão perfeitamente, e ai, o vão das tampas fica muito gritante. A sugestão é: Não tente colar para depois acertar os encaixes. Descubra onde estão os pontos que causam a imperfeição e lixe ou raspe até que fiquem bom. As tampas devem ser usadas no processo, como gabarito para saber se o encaixe está perfeito.
As asas e estabilizadores sem encaixam bem. Curiosidade é que em ambos os modelos (montei dois) os estabilizadores ficam desalinhados em relação ao eixo das asas. É muito estranho, pois os mesmos se encaixam bem na fuselagem. Acredito que seja problema no molde da peça que é fina na cauda e tenha a tendência seja entortar. Eu não corriji isso nos meus modelos, fica apenas o aviso.
Os trens de pouso são muito detalhados, o que por si só já é um feito, pois a estrutura dos mesmos é muito complexa no avião. A quantidade de peças pode levar o avião a ficar desalinhado, mas se for montado com cuidado, tudo dá certo no final. É preciso paciência para tirar todas as rebarbas, já que alguns pontos são de difícil acesso.
Os quatro motores são iguais e com a opção de se fazer com as tampas abertas. Os detalhes não são excelentes, mas não são ruins. Na verdade, não são muito visíveis no final e as paredes corta-fogo dificultam a visualização dos mesmo. Eu sugiro, como eu fiz, que alguns motores sejam montados fechados, outros parcialmente abertos e um ou outro totalmente aberto.
A gondôla é feita totalmente de acrílico. inicialmente estranhei, mas acho que é pela quantidade de janelas existentes. As janelas formam um baixo relevo, o que facilita o uso de estilene para mascarar a peça. A parte traseira da gôndola tem uma metralhadora de defesa. É um conjunto interessante, pois é feito em um cone fendido, que gira em torno do eixo quando a metralhadora vai ser usada. O kit trás esse funcionamento, mas eu achei muito complicado e o resultado irreal, de modo que fixei o conjunto, fechado.
Eu achei o conjunto de antenas muito grosso, de modo que usei um set de photo-etcheds, mais fino que os do kit. O cuidado é deixá-las bem alinhadas, pois são em 12 peças. Na verdade, essa é uma tarefa bastante difícil. Como fica à frente do avião, sem proteção nenhuma, sugiro que essa seja a última etapa das últimas etapas.
PINTURA:
Os aviões navais da Luftwaffe eram pintados no esquema RLM65,72,73. No entanto, as cores 72 e 73 são muito parecidas e quase não se destacam. Por isso, troquei a cor 72 pela 70, dando um contraste melhor. Outra coisa a observar é que o esquema de linhas retas que vem na instrução do kit está errado. Baseando-me em fotos, montei um esquema mais correto.
O equema de linhas retas é um dos mais fáceis de pintar. No entanto, é necessário algum cuidado em partes de difícil acesso, como na lateral dos motores voltadas para a fuselagem. Outro cuidado é alinhar a linha que separa os verdes do azul, nas naceles dos motores e nos próprios motores (imagino que você vá colar o motor somente após pinturar).
Outro detalhe importante é a gôndola de bombas. O mascaramento é externo, mas o interior é bastante amplo. Assim, você deve pintar primeiro (externamente), com a cor do interior (RLM02) e depois com o azul externo. Ainda assim, por estar por trás do acrílico, o interior do bomb-bat ficará brilhante. Eu deixei o meu assim, pois teria que fazer um mascaramento interno. Fica ao gosto do freguês.
Curiosidade, a Revell, em sua série de bombardeiros navais (Fw-200, He-177 e Ju-290) trouxe como pintura principal, esquemas incomuns de pintura. Esse do Fw-200 é um nudeln ("macarrão") azul, foi dificil de achar uma referência que o comprovasse. Eu não fiz esse esquema, pois é muito complexo para meu aerógrafo, mas aviso, aos interessados, que o esquema existe, sim.
DECAIS:
Os decais são poucos, restringindo-se às cruzes, numeração e alguns stencils. O kit trás quatro opções de esquadrão. As suásticas foram aplicadas com um set dry-transfer da Verlinden, pois o kit não os traz, por questões legais. Os dry-transfer são interessantes, pois dão um acabamento fosco e não têm os problemáticos filmes transparentes. Pena que existem poucas opções de uso.
CONCLUSÃO:
Como gosto de aviões 1/72 "grandes", esse kit sempre foi um sonho meu. Inicialmente, comprei, por uma fortuna, o antigo Fw-200 da Revell. No entanto, não há como comparar esse kit com o novo. O trabalho da Revell foi realmente primoroso; tanto que montei dois kits do mesmo modelo. O kit, no final do trabalho, fica muito frágil, principalmente por causa das antenas frontais. Não vou levá-lo em exposições ou concursos. Esse kit é uma exclusividade de "Schnauzer Plastimodelismo".
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