História: O Victor foi o último dos V-bombers. No meio dos anos 50 a RAF encomendou vários modelos para atender sua demanda por bombardeiros estratégicos. Três deles foram selecionados e curiosamente todos iniciavam-se com V (Valiant, Vulcan e Victor). Tal combinação gerou a expressão V-bomber. Apesar dessa coincidência, os bombardeiros não tinham nada de parentesco, exceto pelo design inovador e pioneiro, típico do início da era dos jatos.

O Valiant foi logo suplantado pelos Victor e Vulcan na função de bombardeiro, passando à função de aviôes-tanque. Porém um problema de fadiga nas asas, retirou-os prematuramente do serviço, deixando a RAF sem um avião reabastecedor. Logo, os Victor passaram a atuar nessa função, sendo convertidos para o padrão Mk2/B2.

Apesar de seu design um tanto incomum, o Victor teve vida mais longa que seus outros irmãos. Operou com grande êxito na guerra das Malvinas, sendo essencial nas operações Black Buck, bem como no apoio ao restante da força-tarefa. Tal esforço reduziu sua vida útil, mas seu canto do cisne foi somente na guerra do Golfo, em 1991, quando eles deram seu derradeiro adeus à RAF.

Modelo:
O modelo da Revell é uma reembalagem do modelo MatchBox, apenas trazendo a opção de pintura mais nova, como dois tons de cinza. Como outros modelos da MatchBox, esse modelo deixa bastante a desejar. Os encaixes são ruins (principalmente na metade das asas), necessitando muito putty; alto-relevo estranho (com duas linhas duplas de painel), que necessita obrigatoriamente de rebaixamento, além de várias peças de formato incorreto. A pior delas é a entrada de ar, que vem em um formato totalmente diferente do correto, impedindo qualquer possibilidade de correção.

Felizmente, existe um set de correção da FlightPath, que além disso, traz detalhamentos em photo-etched e peças em metal.

Montagem:
A primeira missão foi rebaixar todas as linhas de painel. A montagem da fuselagem exige um pouco de peso, mas isso é desnecessário quando se usa os sets de resina, pois ambos são peças maciças.

A cabine foi pouco detalhada, visto que há pouca visibilidade. Inclui apenas os photo-etcheds que vinham com o set e alguns detalhes nos assentos ejetores. O set também trás um frame para o canopi no formato correto. Sua colocação, no entanto não é nada fácil. Primeiramente, foi necessário cortar cada janela de acetado e colá-las separadamente, pois é difícil curvá-las no formato correto. Além disso, é preciso desbastar ao redor do encaixe original, para que a mesma fique no mesmo nível da fuselagem e depois um correto emassamento da mesma.

O set traz ainda peças em metal para o nariz (mais fino) e formatos corretos para as entradas de ar auxiliares e aviônicos da cauda. Todos de fácil aplicação. O único porém é o tubo de reabastecimento que não vêm nesse set, e é muito ruim no kit. Fiz um em scratch, mais fino.

O trem de pouso dianterio não traz segredos. Usei o lata-etched para esconder a emenda entre as partes. O pára-lamas é muito rude em relação ao real. Fiz um peça em resina (para não estragar o original), e deixei-o mais próximo às rodas, bem como retirei partes de sua lateral, pois o mesmo não é muito grande nessa parte.

O trem de pouso principal é quase igual ao original, exceto pelos PE aplicados. Eu vi que havia vários circulos no mesmo, e furei-os. Pode até ser que não seja muito realista, mas ficou mais profissional.

O encaixe das asas foi uma das partes mais chatas. Exigiu muita massa e lixa, bem como a união entre a parte superior e inferior das mesmas, que deixa um fenda totalmente irreal. Os ailerons deixam muita folga e não fica muito real. Desse modo, deixei um levantado e outro abaixado, como maneira de minimizar esse efeito.

A traseira não tem muitos segredos. Apenas fiz em scratch a roda do tail-skid e a antena I-Omega que vai logo atrás.

Os Flapes foram meio complicados, pois há pouca referência sobre os mesmos, quanto ao posicionamento.

Por fim, algumas antenas feitas com plasticard, pois os PE não foram muito felizes.

Pintura:
Se muitos segredos, foi feita usando Gunze Hemp, própria para esses aviões. Alguns podem achá-la um tanto opaca, mas verificando as fotos, a cor parece ser realmente menos amarelada do que em outras. A parte inferior, pintada com Humbrol 166.

Um segredo para as entradas de ar, que são brancas internamente, é que o mascaramento é bastante difícil. Acabei optando por fazer um mascaramento inverso. Ou seja, primeiro pintei em volta com Hemp, e depois fiz as mascaras, delimitando o que deveria ser pintado de branco.

Decais
Foi usado um set da EuroDecals em homenagem às pin-ups que o Victor tinha ao final da carreira. São um total de 6 pin-ups. (O set ainda traz decais para os demais padrões do Victor, desde sua origem). Escolhi pela opção XL231 (Lusty Lindy), pois fiquei um pouco decepcionado com a qualidade dos decais em relação ao sobreamentos das nose-arts reais. Esse foi o que me pareceu mais realista.

Conclusão:
Esse kit realmente é para poucos. Muito complicado de montar e é necessário muita massa (Eu chamo de modelo-lasanha, de tanta massa) e paciência. Há muitas correções obrigatórias. No final, ele é bem maior do que aparenta ser necessitando de um bom espaço. Mas para quem gosta de bombardeiros, como meu, é um item obrigatório e é a única opção.