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A história do Modelismo

Tendo juntado uma série de informações que li, pesquisei, deduzi, ouvi falar, aprendi, e agora leciono, resolvi dividí-las com os colegas modelistas e “kiteiros” para incentivar as conversas, trocas de informações, esclarecimento de dúvidas, e até, por que não, a busca da verdade e retificação das informações aqui colocadas. Então, se você não tem nada melhor pra fazer, vamos a elas.

Modelismo é o ato de reproduzir, em escala reduzida, ampliada ou em tamanho natural, com grande riqueza de detalhes, muito da história, produtos ou ambientes da cultura humana (máquinas, veículos, personagens, vestimentas, armas, edificações, etc.).

É uma atividade com fins recreativo ou profissional, instrutivo e cultural, pois combina e desenvolve a habilidade manual, raciocínio lógico, reflexos, criatividade, concentração e pesquisa histórica.

Muitos desastres do cinema são filmados com modelos extremamente fiéis. Outros, porém, como infelizmente vemos, com modelos não tão fiéis assim!!!

A história não registra quando exatamente se começou a fazer modelos, mas basta usarmos a imaginação e visualizarmos as primeiras civilizações utilizando-os para projetar edificações, ver a flutuabilidade e a estabilidade de embarcações, planejar cercos às cidades inimigas, projetar fortificações, elaborar armas, etc.

Nas guerras, os centros de comando utilizam modelos para poderem observar e planejar, sobre mapas ou reproduções do terreno, os combates que comandam. Durante a Segunda Guerra Mundial surge a BAQUELITE, primeira resina sintética, fácil de moldar e barata, conhecida aqui no Brasil como fórmica (condensação de um fenol com o aldeído fórmico). Esse material revolucionou o mundo, introduzindo-nos na ERA DO PLÁSTICO. Os modelos usados pelos estrategistas começaram a ser fabricados com esse material, apesar de não serem bem detalhados nem obedecendo escalas. Observou-se também que poderiam utilizar modelos para ensinar aos combatentes a identificar mais rapidamente as diferentes formas dos veículos inimigos, melhorando os disparos letais nesses e reduzindo as baixas por “fogo amigo”.

Com o final da II Guerra e o desenvolvimento de novos plásticos, as fábricas que desenvolveram esses modelos voltaram suas atenções ao mercado civil (Graças a Deus!!!), primeiramente como simples brinquedos de montar para crianças, mas percebendo o interesse dos adultos em montá-los e melhorá-los, resolveram comercializá-los em forma de “kits” de montagem com melhor detalhamento. O sucesso foi imediato e mundial.

Antes da utilização do plástico, poucos eram os colecionadores de modelos (raros e caríssimos). Feitos em metal e/ou madeira, por fabricantes de automóveis, aviões, embarcações, e muitos outros produtos, que os confeccionavam ou os encomendavam a modelistas profissionais, para presentearem, por questão de prestígio (e marketing, claro!!!), os operadores de seus produtos.

O problema que surgiu é que cada modelo era lançado na escala mais apropriada para sua fabricação, embalagem e guarda, não obedecendo a um padrão, e claro, não satisfazendo o espírito perfeccionista dos modelistas. Para resolver esse problema, alguns fabricantes, depois seguidos pela maioria, resolveram padronizar as escalas dos seus produtos, adotando o sistema anglo-saxão de medidas (precisa falar quem orientou a escolha???). Tendo o homem como padrão, convencionou-se que a figura humana deveria ter 1” (1 polegada = 25,4mm) ou valores múltiplos e/ou fracionados dele.

Como a altura média do americano é 1,77m, o que daria 5’10” [5 pés e 10 polegadas, ou 70 polegadas (1’ = 12” = 304,8mm)], resolveu-se arredondar para 6’ (72” = 1,83m) e dividir por 72, assim, uma figura humana teria exato 1” (1 polegada = 1” ==> 6’), portanto, bastaria olhar um modelo nessa escala (1/72), calcular quantas polegadas ele teria, multiplicar por 6, e se saberia o tamanho do objeto real (em pés, óbvio!!!).

Para que fosse possível a reprodução e a boa visualização de detalhes que seriam sofríveis ou até impossíveis em modelos menores (escalas maiores), nasceram as escalas como 1:48 (homem = 1.½”), 1:32 (homem = 2.¼”), 1:24 (homem = 3”), 1:18 (homem = 4”) e muitas outras. Por outro lado, mesmo em detrimento de se detalhar fielmente um modelo, criou-se escalas para reproduzir objetos grandes, acima de 100’ de comprimento (30,48m), como a escala 1:144 (homem = .½”). Para reproduzir objetos muito grandes (embarcações, edificações e astronaves) criou-se escalas como 1:200, 1:350, 1:400, 1:700, 1:750, 1:1000, entre outras.

Algumas escalas surgiram por erro (dos franceses, diz a “concorrência”), como as escalas 1:76, 1:35 e 1:25, que ao invés de se dividir em pés ou em polegadas, ou pelo valor convertido em SMD (Sistema Métrico Decimal, criado por cientistas da Academia de Ciências de Paris, em 1790, durante a Revolução Francesa), que é de 1’ = 30,48cm ou 1” = 25,4mm, dividiu-se por “arredondados” 30cm ou 25mm respectivamente, ocasionando as divergências de algumas escalas próximas.

Os mesmos franceses, querendo adaptar modelos ao SMD, lançam constantemente nas escalas 1:50, 1:60, 1:130, 1:150, entre outras. Alguns alegam que isso se deva ao chauvinismo francês, outros, porém, principalmente os modelistas de países que utilizam o SMD como padrão, e que tem até uma certa dificuldade em compreender a lógica das escalas no padrão anglo-saxão (e até uma certa resistência ao “imperialismo americano”), apóiam essa iniciativa.

Encontramos escalas experimentais (leia-se “estranhas”) que deram certo, como as figuras 54 mm, que a rigor, é escala 1:33,3 (0,054m x 33,3 = 1,80m), e que podem ser juntadas às reproduções nas escalas 1:32 (figura humana com 57mm) e 1:35 (figura humana com 52mm), já que há uma variação muito grande de altura entre homens, tamanho das figuras de cada fabricante, além do que, ninguém vai ficar medindo as figuras de um DIO, por exemplo, pra ver se tem 2 ou 3 mm a mais.

Os japoneses, face à conhecida falta de espaço desse povo insular e a capacidade inata de miniaturizar tudo, criam coleções muito boas em escalas “maiores”, tais como 1:100, 1:200 (aviação) 1:400, 1:700, 1:1000 e 1:2000 (embarcações), apesar de fabricarem modelos muito bons em todas as demais escalas, visando principalmente, o mercado externo.

Para o ferreomodelismo, a escala é dada em relação à bitola, ou seja, à distância entre os trilhos. No caso, a indicação de escala é por sistema alfa-numérico, como N, HOn3, HO, S, On3, O, etc. A escala HO (1:87), por exemplo, tem bitola de 16,5 mm; a N tem bitola de 9 mm; a O tem 32 mm, e assim por diante.

Para o Aeromodelismo e Nautimodelismo, as escalas gozam de uma certa “liberdade”, pois estes modelos devem adequar-se às peças e mecanismos comercializados, bem como às necessidades aero e hidrodinâmicas.

Para o Automodelismo, tanto a explosão como elétrico, as escalas mais usuais são 1:8 e 1:10. Para o Automodelismo de fenda (chamado por nós, mais “veteranos”, de Autorama), as escalas mais difundidas são 1:32 (diversão) e 1:24 (competição), apesar de constantemente aparecer Autoramas (brinquedos) nas mais variadas escalas.

Bom, como dá pra perceber, houve uma padronização, “pero no mucho”.

NOMENCLATURAS

Nós, profissionais da área de modelismo, costumamos chamar de:

  • Modelo (Do latim modulus, diminutivo de modus, modo.) Aquilo que serve de objeto de imitação. Reprodução em escala de objeto ou pessoa (aviões, embarcações, veículo, personalidades históricas, etc.).

  • Manequim (Do neerlandês mannekin, diminutivo de man, homem, pelo francês mannequin, figurino.) Imitação do corpo humano.
    * Em tamanho natural e não articulado, para confecção e exposição de roupas. * Articulado em escala reduzida, para uso de designers, desenhistas, pintores e escultores.

  • Dummy Modelo de figura humana, em tamanho natural, articulado, feito de materiais que se quebrem, se rompam, e que tenha peso semelhantes aos de um humano, para uso dos engenheiros, designers, ergonomistas, biomédicos, etc. Comum em teste de impacto (crash-test) realizado pelas indústrias automotivas, aeronáuticas, etc.

  • Maquete ou Maqueta (Do italiano macchietta, borrão.) Reprodução em escala de projeto arquitetônico ou de engenharia.

  • Diorama (Do grego dia, através, + horama, vista, espetáculo.) Reprodução de ambiente, natural ou não, que conta visualmente, uma situação histórica ou ficcional.

  • Mock-up (Do inglês mock, imitar, simular, + up, ser capaz de.) Modelo em tamanho natural (escala 1:1) semelhante visualmente ao original, mas não funcional, por ser feito em outro material, ou por falta de equipamento para funcionar (motor, por exemplo).

  • Protótipo (Do grego e do latim prototypos, primeiro exemplar.) A rigor, o primeiro objeto totalmente funcional. Alguns setores industriais chamam de protótipo todos os primeiros produtos que se destinarão exclusivamente aos testes de funcionamento/aprovação.

  • Modelo de série Produto que irá para consumo.

    Muito longe de querer “ensinar o pai nosso ao vigário” ou estar certo em tudo aqui descrito, menos ainda, encerrar as discussões sobre tudo que diz respeito a modelismo, espero ter ajudado, de alguma forma, a dirimir dúvidas (e criar outras) sobre tão apaixonante assunto.

    Peço aos colegas que tenham novas informações, sugestões, dúvidas, perguntas, críticas, desabafos ou desaforos, para que entrem em contato.

    Forte abraço a todos.

    Texto: Vlamir Bueno



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