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Evolução dos veleiros - II (O Aparelho):
Introdução: Ao contrário da evolução do casco, a evolução das velas não seguiu um caminho convergente que fazia com que os barcos de sua época se assemelhassem. Isso se deve muito pelo fato de as velas, cada qual com seu formato, se adaptavam a situações diferentes, de modo que vários tipos de velas coexistissem numa mesma época. Ainda assim, houve alguns modelos de velas que duraram um tempo restrito e depois nunca mais foram usadas, demonstração da evolução do conhecimento no desenho do aparelho. Antes de continuar, observe as figuras abaixo. Elas o ajudarão a idenficar os formatos e os nomes das velas que serão citados ao longo do texto.
As primeiras velas e as velas latinas: Os primeiros aparelhos vélicos surgiram na época dos egípcios, na navegação pelo Nilo. Elas eram usadas para subir o rio, quando a navegação era contra o fluxo do rio, auxiliado pelos remos e arrastadores. Quando era necessário descer o rio, o mastro era derrubado e o barco seguia pelo fluxo do rio. Essas velas eram simples, quadradas, e inicialmente, mais altas que largas. Com o tempo, elas ficaram mais largas. Como os egípcios não navegavam pelo Mediterrâneo, não havia o problema de navegar contra o vento e outras complicações. As primeiras galeras usavam velas quadradas que eram abatidas durante as batalhas, para evitar o risco dos incêndios. As galeras foram as primeiras a usar as velas latinas. Essas velas era quase que triangulares, penduradas pelo meio da verga. Essa configuração facilitava a navegação contra o vento, tornando a navegação pelo Mediterrâneo e pelos mares calmos em volta dos continentes. Em quase todos os casos, o barco possuia apenas um mastro. Ele situava-se um pouco a frente do centro de gravidade do navio. Em poucos casos, os barcos tinham dois mastros (nesse caso, era comum que as velas fossem latinas), o que provocavam um rearranjo do aparelho a fim de estabilizar as forças no centro do barco. As galeras e posteriormente os barcos vikings levavam ainda um cesto que levava um observador ou arqueiros para combate. A evolução do aparelho redondo à configuração clássica: As velas quadradas e latinas perduraram até o início dos primeiros galões. Por volta do século XIV, surgiu o aparelho redondo. Esse aparelho era uma mescla de velas latinas e quadradas. O mastro traquete (o primeiro que se fixa no próprio casco) costumava carregar uma ou duas velas quadradas. Os mastros atrás do traquete (dois, três ou até quatro) costumavam carregar velas latinas. A aparelho redondo, mesmo com sua facilidade de navegar contra os ventos não eram ideais para navegação em alto-mar, pois a distribuição irregular das forças do vento pelas velas causava muito agito e forçava toda a estrutura do barco. O próprio Colombo mandou trocar o aparelho redondo para velas quadradas logo no ínicio de sua jornada às Indias (descoberta da América). Assim, em pouco tempo, os barcos passaram a levar quase que na totalidade velas quadradas e na mezena (último mastro do barco, situado à popa) costumava-se levar somente uma vela latina. Outra característica adicionada foi as velas à frente da proa (mastro gurupés), chamadas de cevadeira e sobrecevadeira. Assim, surgiu a configuração que passou a ser a mais conhecida até os dias de hoje. No mastro gurupés, situava-se a cevadeira (abaixo do mastro) e a sobrecevadeira (No gurutil). O primeiro mastro do barco, era chamado de traquete, que levava três velas (Traquete, joanete e sobre-joanete). No mastro principal, chamado de grande, também levava três velas (Grande, Gávea e joanete). No traquete, também chamado de mastro da Gata, levava somente uma vela latina ou então uma vela latina e sobre esta um joanete. Entre os mastros costumavam velas de cutelo trinagulares, chamadas de entre-mastros. Variações do aparelho cl;ássico e sua evolução: A primeira variação do modelo clássico foi um quarto mastro, situado atrás da mezena, chamado boaventura ou veneziano. Esse mastro embora muito utilizado entre os séculos XV e XVI, mas muito pouco retratado em gravuras. Esse mastro caiu em desuso quando os marinheiros perceberam que uma vela latina na mezena unido de uma vela quadrada (contramezena) era mais eficiente que o mastro boaventura. A mezena serve para manter o rumo do barco, especialmente em ventos laterais. As velas grande e traquete são as velas responsáveis pela impulsão do barco. A cevadeira e sobrecevadeira, por ficarem fora do corpo do barco, dão uma importante estabilidade, principalmente em ventos moderados e fortes. Porém, as operações nessas velas eram extremamente perigosas e temidas, pois eram necessárias nas situações mais perigosas. A cevadeira e sobrecevadeira foram dando lugar as velas de cutelo trinagulares. Esse processo foi lento e nota-se por três fases distintas. Inicialmente os barcos possuiam a cevadeira e sobrecevadeira. Na fase transitória, a perigosa sobrecevadeira sumiu, mas os barcos ainda mantinham a cevadeira. Finalmente, a cevadeira sumiu, dando lugar a uma estrutura chamada de "pica-peixe" que estabilizava as velas de cutelo.
A última grande variação surgiu quase no período das fragatas. Eram os bonetes. Eram velas quadradas que eram extendidas nos lados externos da grande e do traquete (também nas gáveas), com a finalidade de aumentar a superfície vélica com pouco vento. A vantagem do bonete é que ele podia ser extendido em um lado do barco independente do outro, desse modo, podia-se aproveitar melhor os ventos laterais. A divisão das velas principais e os navios-escola: É preciso notar que as velas do aparelho clássico só podiam ser extendidas em sua totalidade quando o vento era pouco; caso contrário, o vento poderia destruir os mastros (era comum que se levasse sempre material para reposição do aparelho, mas mesmo assim, a tarefa de subistituição era demasiadamente trabalhosa e perigosa). Era necessário que houvesse um meio-termo entre os ventos fracos e fortes quando se trata da configuração do aparelho. Assim, as velas maiores (traquete, velacho, grande e gávea) fossem divididas em velas menores em altura, mas com a mesma largura. Essa configuração surgiu no período entre as fragatas e os clippers, de modo que quase todos os barcos do século XIX tinham essa configuração.
Com a decadência do veleiro, os poucos barcos grandes que restaram eram os dedicados a instrução de oficiais e turismo. Eram os navio-escola. Esses barcos, mesmo com motores, possuiam aparelho semelhante aos clippers. Em quase todos os casos, eles possuiam velas quadradas, pois as velas caranguejas e triangulares não precisavam ser armadas de cima e isso dificultava no aprendizado do "pé de marinheiro" (o equilibrio e manejo das velas a partir dos mastros). Os pesqueiros e os barcos de regata: Co-existindo com todos os modelos anteriores, sempre houve barcos dedicados exclusivamente à pesca. Eram barcos menores e mais ligeiros. Como não podiam contar em estar sempre numa mesma rota, eles precisavam se precaver contra imprevistos climáticos e variações constantes do tempo. Assim, esses barcos evoluiram de modo que seu aparelho vélico era uma junção de quase todos os tipos de velas existentes (quadradas, triangulares, pendão, cutelo, etc). O mais comum desses barcos eram as goletas, com diversas velas triangulares, um tranquete com vela quadrada e nos mastros grande e mezena, levando velas caranguejas ou de pendão. As goletas foram também os primeiros barcos de regatas transoceânicas. Em geral, compostos de uma tripulação de 15 a 20 homens, esses barcos logo passaram a ter um desenho que visava a velocidade, tanto nas linhas do casco, como no aparelho. A modificação mais evidente dos barcos de regata é a troca das velas caranguejas e de pendão por velas de Marconi e Polacas. Isso porque essas velas não necessitavam de uma estrutura complexa na parte superior, diminuindo o centro de gravidade do navio e podiam ser manejadas por uma tripulação menor. Atualmente quase todas as classes de regata usam velas triangulares polacas ou de Marconi. A última grande inovação no aparelho das regatas só foi possível após a melhoria dos mastros com compostos sintéticos. As velas balão, que cobrem todas as velas do mastro só são utilizadas quando há muito vento. Em períodos anteriores, isso não seria possível, pois os mastros de madeira não suportariam a força exercida pelo vento.
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