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História das Armas Aeronáuticas (Parte IV)
Os franceses desenvolvem o único escoltador equipado com canhão Certamente o uso mais interessante do canhão foi no SPAD S.XIICa1, o único escoltador assim equipado para combate durante a guerra. A biografia de Guynemer o credita com o fornecimento de idéias para esse escoltador e se refere a ele como o "avião magnífico". O SPAD S.XII tinha um canhão Puteaux de 37 mm abrigado no motor Hispano-Suiza em "V", atirando através do eixo de hélice oco (não através de um virabrequim oco). O primeiro aparelho do pequeno lote produzido foi entregue a Guynemer em 5 de julho de 1917 e com essa máquina ele abateu suas vítimas de número 49 até 52. Tinha diversos defeitos sérios - com o canhão atirando apenas uma bala por vez, somente podia ser confiado a ases como Guynemer, Nunguesser e Fonch e a fumaça era o castigo do piloto. Nem os ingleses nem os alemães enviaram um escoltador comparável à frente, mas os franceses não fizeram nenhum desenvolvimento adicional.
Os foguetes ar-ar de 1916 Provavelmente a arma mais espetacular usada por qualquer lado tenha sido o foguete Le Prieur, inventado pelo Tenente Y. G. Le Prieur da Marinha Francesa. Os foguetes foram primeiramente usados no verão de 1916 e eram usualmente montados em feixes de 4 de cada lado dos montantes entre asas. Os foguetes foram desenvolvidos para incendiar balões de observação no tempo em que a munição incendiária estava no período de aperfeiçoamento. Os foguetes foram retirados de uso em menos de 1 ano. Seu uso era problemático para o piloto que tinha que mergulhar sobre o alvo na velocidade máxima e dispará-los em salva de uma distancia máxima de 150 metros, para que os mesmos tivessem efeito. Isso dava pouca margem a erros. Os resultados eram notáveis, como em 25 de junho de 1916, quando 4 dos 15 balões que atuavam na frente do Somme foram destruídos em meia hora. Aparentemente o Nieuport foi o primeiro escoltador empregado para carregar foguetes e foi com ele que os pilotos ingleses Ball e A. M. Walters usaram os foguetes contra aviões inimigos, no único caso documentado. Ball errou sua salva, mas um dos oito foguetes de Walters abateu um LVG.
A metralhadora de 11 mm Com a introdução da munição incendiária, a caça aos balões tornou-se mais eficiente. Todavia ainda era difícil incendiar o balão alemão Drachen com munição calibre .303, porque o projétil era pequeno e não deixava escapar muito gás na sua passagem. Durante o ano de 1917, a França desenvolveu uma metralhadora Vickers modificada especialmente para ser usada contra balões inimigos. Um moderado número de aviões franceses foi equipado com essa arma durante 1918. Não há notícias de que os ingleses a tenham adotado, mas os belgas, que usavam equipamento francês, tinham cerca de meia dúzia de escoltadores Hanriots assim equipados. O caçador de balões belga William Coppens, em uma ocasião incendiou um balão e abateu um escoltador alemão com apenas 6 balas da metralhadora de 11 mm. Os Estados Unidos fabricaram 900 dessas amas durante a últimos 5 meses da guerra, mas é duvidoso que elas tenham entrado em ação nos aparelhos americanos.
A evolução da munição Para completar a história do armamento, alguma referencia deve ser feita ao desenvolvimento da munição, porque a melhor metralhadora seria completamente ineficaz se a munição correta não fosse usada. Infelizmente, é virtualmente impossível traçar os desenvolvimentos franceses e alemães nesse campo, porém o trabalho inglês pode ser fácil e completamente documentado. De vez que esses vários tipos entraram em serviço com ambos os adversários quase ao mesmo tempo, as datas inglesas são suficientes. A munição original empregada em 1914 tinha ponta encamisada em aço como padrão. Balas blindadas que apareceram depois empregavam os mesmos materiais, mas com alma de aço endurecido para uso contra motores e depois contra blindagens. Balas traçadoras - o primeiro tipo especial para a aviação a entrar em serviço foi desenvolvido na Inglaterra antes da guerra. O desenho original não teve sucesso devido a alta percentagem de "precoces" e "cegas". Foi usada até que o novo tipo "Sparklet", ou SPK Mark VIIT, fosse introduzida em julho de 1916. Somente em casos raros elas podiam incendiar algo, pois foram projetadas para produzir um rastro luminoso de 500 metros de comprimento, proveniente de uma bolinha incandescente colocada em sua base, auxiliando a pontaria. As balas incendiárias eram completamente diferentes no uso e na construção. Não produziam rastro luminoso mas deixavam uma trilha de fumaça. Essa munição continha uma pequena quantidade de fósforo na ponta que a força centrífuga arremessava através de um pequeno furo no lado, produzindo uma espiral azul de 350 metros de comprimento. Ela foi patenteada por J. F. Buckingham em janeiro de 1915, que começou a remetê-las para o RNAS em dezembro. Primariamente concebida para ser usada contra zeppelins, chegou à frente em quantidade considerável. O nariz macio para dar maior efeito contra os balões foi introduzido em junho de 1916 e foi usado até o fim da guerra. A bala explosiva foi desenhada para incendiar o gás dos dirigíveis e era sensível o bastante para explodir ao atingir o tecido do invólucro. Continha uma bolinha de explosivo na ponta que podia facilmente secionar o montante da asa de um avião. Dois tipos foram usados - um aperfeiçoado pelo Comandante F. A. Brook e outro por John Pomeroy. Este último começou seu trabalho antes da guerra mas os dois tipos só foram encomendados pela primeira vez em maio de 1916, após o ciclo de aperfeiçoamento normal. Eram tão sensíveis que eram empacotadas em algodão nos pentes e eram raramente usadas em metralhadoras sincronizadas, porque um tiro que atingisse a hélice bastaria para abater o avião. Eram mais largamente usadas pelos esquadrões da "Home Defense". Os ingleses tentaram oficialmente abolir o uso das balas explosivas contra aviões (e até certa extensão as incendiárias), porque os ferimentos que elas causavam eram extremamente dolorosos. Todavia, os aviadores na frente (provavelmente dos dois lados) tornaram-se convictos de que o inimigo estava usando-as sem restrições e começaram então a difundir o uso de balas incendiárias com rajadas ocasionais de explosivas. A carga de uma arma inglesa padrão consistia de: 3 comuns, 1 traçadora, 1 perfurante e 1 incendiária, essa seqüência sempre repetida. Durante o último ano da guerra, os ingleses usaram uma combinação secreta incendiária-explosiva, designada RTS e a enviaram à frente em setembro de 1918. Os alemães tinham as mesmas categorias gerais, mas fizeram uso anterior da carga múltipla. Sua incendiária mais efetiva combinava as qualidades de perfurante e explosiva. A França e os Estados Unidos usaram munição inglesa na maioria das vezes.
Defesa noturna contra Zeppelins e bombardeiros Os danos políticos e à moral da população eram infinitamente maiores que os estragos provocados pelos Zeppelins e Gothas em raides noturnos contra cidades na Inglaterra, França e Itália, e bem mais perigosos para as tripulações desses aparelhos que para os habitantes das grandes cidades. Mesmo assim foram tomadas providências para armar aviões que pudessem combater esses ataques. Na Inglaterra a Home Defense colocou em prontidão diversos monoplaces armados com uma metralhadora para voar à noite em patrulha sobre as grandes cidades. Na maioria eram Avro 504K e RAF BE.2C convertidos. Na noite de 2 para 3 de setembro de 1916 um aviador inglês conseguiu abater o dirigível Schutee-Lanz SL.11, que caiu perto de Londres. Depois disso alguns bombardeiros Gotha e Giants foram abatidos em raides noturnos sobre a Inglaterra.
Na França, aproveitando o dínamo e o farol elétrico inventados por Léon Cibié, foram adaptados diversos aviões com esse equipamento e metralhadoras para atingir os dirigíveis que atacavam à noite. Posteriormente um aparelho Breguet foi equipado com um canhão também para a defesa noturna.
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