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Construindo uma base para aviões

Há mais ou menos dois anos resolvi mudar a forma de montar meus modelos. Até então, montava somente o kit e deixáva-os em uma prateleira, um ao lado do outro. Acredito que muitos modelistas façam isso. Mas depois de fazer minha primeira base "caprichada", resolvi que todos os meus outros modelos seguiriam esse padrão.

IAI Dagger FAA

Mas é errado deixar um modelo sem uma base? Claro que não! Não há certo ou errado em um hobby, mas para quem quiser experimentar, aqui vai uma breve explicação de como eu costumo fazer minhas bases de madeira.

Tarmac

Esse é o nome dado aos pátios onde as aeronaves ficam estacionadas nas base aéreas. É o tarmac que costumo representar em meus modelos, e não necessáriamente as "pistas de pouso e decolagem". Portanto, a explicação à seguir será focada na reprodução de um pátio de estacionamento das aeronaves.

Materiais necessários

Como materiais básicos para a produção de uma base para aviões, utilizaremos os seguintes materiais:

  • Uma chapa de madeira MDF;
  • Régua;
  • Lápis;
  • Estilete ou scribber;
  • Lixa fina para madeira;
  • Pincel chato;
  • Tinta PVA nas cores marrom, preto e, eventualmente, amarelo ou branco;
  • Pó de serragem verde ou marrom claro;
Construção

Agora é que nossa base de madeira começará a tomar forma. Para esse artigo, utilizarei uma base de MDF com 15 x 26 x 0,9 cm. Esse é o tamanho padrão que utilizo para emoldurar meus modelos na escala 1/72. Você pode escolher outro tamanho conforme sua necessidade e espaço disponível. Basta seguir os passos abaixo e adaptar ao tamanho de sua base.

Base de MDF

Com o pedaço de MDF nas mãos, a primeira etapa é fazer as marcações e delimitar a área em que o tarmac será aplicado sobre a madeira. Para isso, com a ajuda da régua, marco uma magem de 1 cm em cada lado do MDF. Essa será minha moldura. Esse espaço será pintado por último.

Após a marcação da margem externa, é a vez de definirmos com será o desenho do tarmac. São várias as possibilidades. Basta observar algumas fotos e escolher o seu desenho ou até mesmo criar um com base na sua imaginação.

Exemplos de Marcacoes

Com o desenho definido e marcado no MDF, chegou a vez de dar forma ao tarmac. Para isso utilizaremos a parte de trás de um estilete (parte cega) ou uma ferramenta muito conhecida dos modelistas chamada scribber. Nessa fase faremos os entalhes na madeira.

Marcacoes com scribber

Esses riscos em baixo relevo serão os espaços entre as placas do tarmac e darão muito realismo ao trabalho final.

Para produzí-los, basta passar a parte cega do estilete ou o scribber sobre as linhas definidas anteriormente. Utilize uma régua para ajudar nesse processo e muito cuidado com os dedos!

Após passar várias vezes o scribber ou estilete sobre as linhas, você terá uma base com os recessos do terreno bem marcados. Não se preocupe se acontecerem alguns deslizes caso o scribber escape algumas vezes. Isso dará um certo "charme" e um detalhe a mais em sua base, pois simula as inúmeras rachaduras do concreto - algo muito comum nas bases aéreas mais movimentadas.

O próximo passo é retirar o excesso de madeira que se produziu ao raspar o MDF. Para isso, utilize uma lixa fina para madeira e depois retire o pó com um pincel duro. Agora, é partir para a pintura.

Pintura e efeitos

Essa é, na minha opinião, a parte mais divertida. A pintura da base é que dará vida ao tarmac e irá realçãr o seu modelo. Para isso, iremos utilizar tintas PVA - vendidas em casas de materiais para artesanato. Essas tintas são relativamente baratas e podem ser encontradas em várias tonalidades. Ah, e você não precisa utilizar suas caríssimas e cada vez mais raras tintas de modelismo.

Linhas Pretas do relevo

O segredo nessa fase é a diluação da tinta. Eu costumo utilizar tinta marrom nessa etapa e cada placa do tarmac recebe uma coloração diferente. Isso ocorre devido à incidência do sol, conservação e reparos eventualmente realizados no revestimento.

Para reproduzir esse efeito, costumo aplicar a tinta com várias diluições diferentes, partindo de uma coloração bem fraca até um pouco mais forte. A tinta deve ser aplicada aleatoriamente nas placas. Essa forma de aplicação é que dá - no trabalho final - o efeito de colcha de retalhos ao tarmac.

Demaos diferentes de tinta

O importante nessa etapa é não exagerar na tinta, isto é, aplica-se mais água do que tinta. Caso fique fraco, é só aplicar novamente.

As linhas em baixo relevo devem ser preenchidas com tinta preta também diluída. Esse passo é importante para ressaltar o trabalho de rebaixamento do relevo.

Muitas das minhas bases apresentam uma porção de grama ou terra. Esse tipo de terreno é reproduzido com serragem colada com cola branca e, após seco, pintado à aerógrafo, com tinta verde e marrom. Para reproduzir grama, o ideal é observar fotos ou - melhor ainda - grama real. Nada como comparar a algo real para se obter o efeito final.

Grama

Outro efeito fundamental para uma re-produção realista do tarmac são as manchas de óleo. Esse tipo de mancha é também obtida com tinta bastante diluída.

Entretanto, a melhor cor para esse efeito é o preto. Para isso, basta diluir bem a tinta PVA preta e embeber um pincel macio com a mistura.

Depois, basta bater o pincel no dedo a uns 15 cm acima da base para perceber que várias gotículas irão marcar o tarmac. Essas gotículas simulam com perfeição as manchas de óleo, e podem ser feitas conforme sua vontade e intensidade desejada. O conselho que deixo aqui é não exagerar na dose.

Depois de tudo seco, chega a vez da moldura externa. Eu costumo pintar essa faixa geralmente de marrom escuro, mas pode ser pintada de qualquer outra cor, dependendo do gosto pessoal ou da camuflagem do kit. Para mim, o marrom sempre foi uma opção que proporciona ótimos resultados.

Oleo e Moldura

Esta etapa praticamente finaliza o projeto. As faixas em marrom podem ser aplicadas à mão livre, com um pincel chato, ou ainda com aerógrafo - tomando-se cuidado em mascarar o trabalho já realizado nos passos anteriores.

Após todas essas etapas e com sua base pronta, basta colocar seu modelo em cima ou - se preferir, como eu - colá-lo com adesivo instantâneo de cianoacrilato.

Para os que gostam de emoções fortes, podem ainda - também como eu - fazer um furo na parte de trás do MDF e colocar seus modelos e bases pregados na parede, como se fossem um quadro. Eu nunca tive problemas com essa minha mania. Já tenho 19 modelos expostos assim.

Se quiser, o modelista ainda pode adicionar mais detalhes ao seu tarmac, como tampas de escoamento ou acesso subetrrâneo, ralos etc. No caso de acessórios externos, as possibilidades são ainda mais variadas, como extintores de incêndio, cabos de eletricidades, mangueiras de estações externas de APU, armentos, mecânicos e pilotos entre inúmeras outras possibilidades.

Abaixo alguns exemplos de tarmacs que podem ser feitos com essa técnica. Além disso, pistas de porta-aviões e outras formas de pavimentação também podem ser pintadas na placa de MDF.

F102 Delta Dagger

Mig 21 Fishbed

ADENDO: Marcações das Runways

Marcas nas pistas

Marcas de Cabeceira - (Threshold)
São faixas de 30m por 1,8m simetricamente dispostas em relação ao eixo. O espaçamento é de 1,8m entre as faixas e de 3,6m entre as faixas centrais. Pistas maiores ou menores de 45m podem ter alterados proporcionalmente as larguras e as separações entre as faixas. Essas são colocadas a 6m do limite da cabeceira da pista. O número de faixas é variável: 4, nas pistas de 18m, 8 nas de 30m, 12 nas de 45m e 16 faixas nas pistas com largura de 60m.

Marcas de Numeração de Cabeceira
Pistas são identificadas por números em suas cabeceiras. Em cada cabeceira, na posição de largada para a corrida de decolagem, é marcada a direção da pista em relação ao Norte Magnético em dezenas de graus no sentido horário. Em função da variação da declinação magnética, direções como 135 graus podem receber a numeração 13 ou 14 (correspondente aos 130 ou 140 graus). Assim sendo em uma mesma pista (cabeceiras em oposição) teremos uma numeração sempre com diferenças de 180 graus, isto é, de 18. Pista 01-19, 02-20, 03-21 e assim sucessivamente. O desenho dos algarismos é padronizado com 9 m de altura, não ultrapassando a 4 m de largura. Além do número, a designação de cabeceira pode receber uma letra (L, C ou R) em casos de pistas paralelas: L para esquerda, C para a pista central e R para a pista da direita.

Marcas de Eixo de Pista - (Center Line)
São faixas pintadas (de 30m de comprimento) intervaladamente (a cada 20m) pintadas sobre o eixo da pista. A largura mínima das mesmas varia: 30 cm nas pistas de operação visual e 45cm e 90 cm para as pistas instrumentadas. Ajustes nos comprimentos ou espaçamentos entre as faixas (função do comprimento da pista) devem ser realizados no ponto médio da pista.

Marcas de Zona de Toque - (Touch Down Zone)
Para facilitar a localização do piloto na pista, pintam-se uma série de faixas paralelas por toda a extensão da pista considerada para se proceder o toque da aeronave com o solo. São faixas de 22,5m por 1,8m de largura. São dois conjuntos paralelos de três faixas (entre essas a separação é de 1,5m) separados de 21,6m e marcados a 150m da cabeceira. A cada 150m de distância a mais, pintam-se novos conjuntos com as seis faixas, depois com quatro, outro com quatro, e mais um com dois e finalmente, a 900m da cabeceira, um último com duas faixas. A distância mantida entre as faixas mais próximas do centro da pista ficam a 21,6m, em todos os conjuntos. A pista normalmente apresenta essa sinalização para ambas as cabeceiras.

Marcas de Distância Fixa - (Fixed Distance Marks)
Compõem-se de dois pares de faixas, um par para cada cabeceira, sendo cada faixa com 4 a 10m de largura e 30 a 60m de comprimento, separadas de 6 a 22,5m simetricamente postadas em relação ao eixo da pista. Cada par é pintado a 150m (pistas de comprimento inferior a 800m), 250m (pistas entre 800 e 1200m), 300m (pistas entre 1200 e 2400m) e 400m (pistas superiores a 2400m). Servem para o piloto como uma referência de que distância se está em relação às cabeceiras da mesma.

Marcas de Bordo de Pista
Para distinguir a pista do terreno a sua volta se pinta uma faixa contínua no bordo da pista com espessura de 90cm.

As faixas empregadas nos pátios são pintadas geralmente na cor amarela com as seguintes dimensões (Brasil):

  • Circulação: 15cm de largura;
  • Bordo de pátio e taxiway: 15cm a 30cm de largura;
  • Circulação na posição nose-in: 30cm de largura;
  • Cabeça do "T" da posição nose-in: 2m de comprimento por 30cm de largura.
  • A pintura na cor branca pode ou pôde ter sido usado em função da disponibilidade da tinta amarela.

    ADENDO: Dimensões das Tarmacs

    As dimensões usuais para placas de pavimento rígido (concreto) em pátios de aeroportos no Brasil é de 3,0m x 3,0m. Podem ser usadas outras dimensões a critério do projetista mas não estas não devem ultrapassar 5,0m). Os pavimentos em instalações dos EUA apresentam dimensões próximas de 3,0m x 3,0m mas proporcionais às unidades imperiais (pés).

    As juntas antigas variavam de 1,5cm a 2,5cm de largura. Atualmente as juntas apresentam largura de 0,6cm. As juntas antigas eram preenchidas com corda e material betuminoso (cor preta). Atualmente as juntas são preenchidas com espuma e mástique na cor cinza.

    Vale ressaltar ainda que o mais usual seja adotar a forma quadrada, entretanto dependendo do equipamento usado para a confecção do pavimento, podem ser usadas placas retangulares. O pátio do Terminal 2 do AIB, por exemplo, foi construído com placas de concreto com dimensões de 5m x 3m.

    Texto: Marcelo Ribeiro
    Colaboração:


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