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Fazendo Canopies em Scratch
Como designer, construo modelos, maquetes e mock-ups, e alguns colegas modelistas, ao saberem disso, procuram-me para moldar peças novas para modificar seus kits ou, na maioria das vezes, substituir peças que foram quebradas. Como isso é um problema que, em algum momento, atingirá a maioria dos modelistas, resolvi descrever um método fácil e que utiliza materiais que todo modelista tem em suas caixas de bugigangas, ou que são fáceis de encontrar e baratos. Esse método não é o “vacumform”, como alguns o chamam, já que ele não utiliza sucção ou vácuo, e sim, a força das mãos (poderíamos então, chamá-lo de “forceform”???). O “vacumform” é um método que requer uma série de ferramentas que não compensaria comprar para se moldar uma, ou mesmo, poucas peças (apesar de ser um método muito mais preciso) tal como mesa/caixa de vácuo, aspirador de ar, forno, molduras de metal, prendedores, etc. Aqui, mostrarei como copiar o “terror” dos plastimodelistas, o “canopy”, peça feita de material transparente que, basta olharmos feio, e ele embaça, quebra, risca ou é tão espesso que não conseguimos enxergar os detalhes internos. Essa técnica serve para confeccionar também pára-brisas ou demais vidros curvos, carroceria tipo “bolha”, faróis, transparência dos sensores optrônicos de aviões ou mísseis, viseiras, etc. Utilizando poliestireno, pvc, pet ou outros plásticos (desde que sejam termoplásticos, ou seja, plásticos moldáveis a quente), pode-se fazer tanque de combustível, bomba, cubo de hélice, tampa de motor, caixa de roda, enfim, é possível construir um modelo inteiro, só tendo que se munir de toda a “paciência do mundo” para fazer todos os moldes, cortar, colar, por massa, lixar, cortar de novo, colar de novo, por massa de novo, lixar de novo, UFA!!! Para fazer as armações de canopies sem tantos detalhes e curvas na escala 1:72, o melhor é usar folhas de decalques de cor sólida recortadas em tiras finas. Nas escalas 1:48 e 1:32, pode-se usar filme plástico tipo “contact”, pois tem boa espessura e podem ser pintados e colados facilmente. Para a escala 1:24 ou modelos maiores, como os de aeromodelos, deve-se usar poliestireno ou acetato mais espesso, usando o método descrito. Escolhi mostrar a confecção de 2 canopies que um colega encomendou, o original do kit quebrou em um acidente (a mãe pisou), o segundo canopy não sei a que ou a quem se destina. Minha escolha deu-se por ser uma peça grande (fácil de fotografar), ter curvas complexas, e ter que detalhar sua armação (frames). Canopy do Vought F4U CORSAIR, escala 1:32 Material:
Obs.: O modelista pode substituir qualquer material, conforme seu gosto e/ou conveniência. O primeiro passo foi medir o canopy que meu amigo colou e mandou pelo correio, acreditando que na colagem ele tenha conseguido reproduzir a abertura correta, já que ele não mandou o cockpit para conferir o encaixe. Se não estiver correto, como o material que utilizarei é bastante flexível (acetato), ele não terá problemas para acertá-lo. Se não tiver a peça quebrada, mas tiver fotos e/ou desenhos do original, e usando o modelo (kit) como referência, não haverá maiores dificuldades em elaborar um molde e fazer uma peça muito boa. O passo seguinte foi fazer o molde. Recortei o poliestireno (PS) com os formatos do corte transversal dianteiro, transversal traseiro e longitudinal do canopy, colados com cola líquida. Colei sobre um suporte de PS, mas que pode ser feito de qualquer material com, no mínimo, 2 polegadas (5 cm) de altura, pois é preciso elevá-lo, como verão mais à frente.
Preenchi de massa epóxi e esperei curar.
Agora é que vem o trabalho de “modelista”. Retirei o excesso de massa, primeiro com um estilete e depois com 2 lixas de unha, usando o lado mais grosso, depois acertando com o lado mais fino, e finalizando com lixas d’água, grana 600, depois 1200, molhadas, para não correr o risco de arrancar pedaços da massa.
Reparem que eu lixei até o momento em que aparecem as peças transversais e a longitudinal em plástico, que serviram de parâmetro para saber quando cheguei na medida. Para conferir se as curvaturas das laterais estavam iguais em ambos os lados, fiz um gabarito de plástico, mas que pode ser feito com pote de margarina, papel cartão, cartolina, ou qualquer material firme, fino e fácil de cortar.
Cortei 4 tiras largas de acetato, duas para as transparências e duas para as armações. Esquentei-as na chama de uma vela, Movimentando-as para aquecê-las por igual e não queimá-las.
Quando senti que dava para esticá-las, forcei-as sobre o molde puxando bem para baixo e aguardando uns 30 segundos, até esfriarem.
Viu pra que serve o suporte elevado??? Com prática, pode-se controlar a espessura que desejamos exatamente nessa etapa. Para marcar o corte, usei uma caneta técnica descartável, dessas vendidas em papelaria, espessura 0.2 mm, perfeita para isso, já que escrevem no acetato, mas já utilizei, na falta desta, a velha “BIC” escrita fina, apesar de dar mais trabalho para riscar esse material. Os cortes em PS do molde também mostraram o contorno exato de onde riscar. Para cortar, usei uma tesoura pequena, pouca coisa além do risco, e terminei com uma lixa de unha. Desenhei no molde o contorno da armação com uma lapiseira para poder corrigir, quando necessário, apagando com borracha.
Lixei as 2 peças que seriam as armações para riscar mais facilmente, já que serão pintadas, não tem problema ficarem translúcidas ou foscas. Risquei com caneta.
E os recortei.
Lixei até acertar o contorno, colei com cola tipo bonder. O bom do acetato é que só fica esbranquiçado onde foi colado, não se “ramificando”. Fiz a reprodução dos rebites com uma mini-furadeira manual.
Pronto, já posso mandar as peças que fiz, e meu amigo poderá terminar seu F4U CORSAIR com um canopy feito de forma artesanal.
Obs.: Se durante a colagem pegar cola em algum lugar da transparência, não se desespere, é só lixar “sutilmente” com uma lixa d’água 1200 e/ou 2000 e depois polir com massa e um rebolo de pano numa micro-retífica, ou se não tiver, esfregar vigorosamente um algodão com creme dental, e sua peça estará salva. Para ficar com aspecto mais “vítreo” e uniforme, após pintar a armação, mergulhe a peça na “Santa” FUTURE. Se você tem algum modelo que não terminou ou nem começou por falta de alguma peça, Espero que essa matéria dê-lhe o ânimo necessário para se aventurar no mundo do “scrathbuilt”. Se não lhe der ânimo, é simples, PROCURE-ME. Forte abraço a todos. Texto:
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