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Cosme Lockwood Gomm

Se existe um culpado por este trabalho ter sido realizado, seu nome é Claudio Gustavo Meunier, um pesquisador argentino. Em 21 de maio de 2001, Claudio entrou em contato comigo, procurando informações sobre Cosme Lockwood Gomm. Estava realizando um estudo sobre os anglo-argentinos que combateram na Segunda Guerra Mundial. A princípio, não me senti com entusiasmo para pesquisar, visto que todo meu acervo está principalmente dirigido à aviação alemã. Com alguma insistência e mais informações que ele enviou, finalmente cedi e disse para mim mesmo: -Por que não? Assim, como é habitual acontecer comigo, uma sucessão de fatos e contatos se iniciaram, mais prazeirosa ainda, foi a troca de correspondência com veteranos do Comando de Bombardeiros da RAF/RAAF.

Devo destacar a colaboração de Vincent Holyoak, que de forma muito generosa me autorizou o uso de sua coleção fotográfica e a transcrição de algumas passagens de seu livro, assim como Jim Quinn, incansável na busca de veteranos do 467 Squadron.

Cena 1: Uma manhã fria e escura de inverno no Sul do Brasil. Mais precisamente em Curitiba, no Paraná. Passos apressados de um trabalhador ou quem sabe, um estudante ainda sonolento, ecoam pelo vazio. Na esquina, uma placa indica: rua Cosme Lockwood Gomm. Quantas ruas passamos em nossa vida e muitas sequer sabemos o seu nome? E esta então? Apenas uma referência no emaranhado de logradouros de uma cidade. Mas, quem teria sido Cosme Lockwood Gomm? Um político? Cientista? Médico? Mais um estrangeiro sendo homenageado?

Cena 2: Gold, Juno, Sword, Normandia... Nomes para sempre gravados na história recente dos conflitos que ferem a alma humana e o convívio sempre difícil com as diferenças. Na região da Normandia, França, temos a cidade de Lisieux, distando cerca de 80 quilômetros de Paris, cuja história nos remete aos tempos de Júlio César, dos Gauleses e dos Bretões. Cidade também conhecida graças a Saint Thérèse de Lisieux. A Catedral de Saint Pierre e a Igreja Saint Jacques destacam-se entre as inúmeras construções históricas. É nos subúrbios de Lisieux que encontramos uma pequena aldeia, Saint Desir de Lisieux, onde é produzido o queijo Livarot. Vindo pela rodovia N13 no sentido Caen-Lisieux, uns 5 quilômetros antes de Lisieux, vira-se à esquerda, entrando na rodovia D159, roda-se cerca de 250 metros e logo à direita podemos avistar o Cemitério Britânico (Saint Desir War Cemetery) - Saint Desir abriga também um Cemitério Alemão.

É um cemitério simples, com um muro baixo, cercado por algumas árvores. Uma grande cruz, a Cruz do Sacrifício e uma construção circular, onde estão guardados os obituários dos combatentes, contemplam silenciosamente as fileiras de lápides, em impecável forma, como soldados aguardando uma ordem, mas o último comando já foi dado: Descansar! Na quadra 7, fileira C, túmulo 6, atingimos o nosso objetivo. Na lápide podemos ler:

"Wing Commander C.L.Gomm. DSO. DFC. Royal Air Force, 15th August 1943 Age 30. The great adventure now begins: Not dead. But gone before his name shall live evermore."

Não é uma coincidência, esta é sua história: (n.a.: Na verdade, Gomm faleceu aos 29 anos)

Conforme consta no Livro A-702, Folha nº 100, Certidão de Nascimento Nº 34354, lavrada em 18 de novembro de 1913, Cosme Lockwood Gomm nasceu em 15 de novembro deste mesmo ano, às 13 horas em Curitiba, Paraná. Filho de Harry Herbert Gomm e Isabel Withers Gomm.

Em pesquisas realizadas por Claudio Gustavo Meunier, sabe-se que Cosme Lockwood Gomm estudou em uma escola inglesa na Argentina, O Instituto Saint Georges de Quilmes, em Buenos Aires, de 1922 a 1927 (entre os 8 e 14 anos). Seu nome consta na placa que homenageia a todos os "Old Georgians" mortos na Segunda Guerra Mundial, dentro da igreja do Instituto.

De acordo com um trabalho publicado por Rafael Pinheiro Machado no ano de 1999, Cosme Gomm residia em São Paulo no ano de 1932, durante a Revolução Constitucionalista. Possuindo dupla cidadania, transferiu-se para a Inglaterra com o desejo de ingressar na Royal Air Force. No obituário de Saint Desir menciona-se que Cosme Gomm "é de São Paulo", portanto não colocaram sua cidade natal, Curitiba, e sim, a que residia antes de ir para a Inglaterra.

Ingressou na RAF em 7 de novembro de 1933 e após um curto período como pilot officer, passou a voar no Oriente Médio. Primeiramente no 45 Squadron baseado em Helwan, no Egito onde ingressou em 1 de outubro de 1934. Em seguida foi para o 14 Squadron, na Palestina, em 30 de março de 1937 já como flying officer.

Promovido a flight lieutenant em 7 de agôsto de 1938, passou por intenso treinamento. Foi para a 10 Flying Training School, sediada em Ternhill, Shropshire, em 15 de fevereiro de 1939, seguindo então para o Canadá. Entrou na 1 Service Flying Training School, instalada no Camp Borden em Trenton, Ontário em 15 de janeiro de 1940. O Canadá treinava equipagens através do BCATP - British Commonwealth Air Training Plan, assim como a Austrália e a Nova Zelândia pelo ATS - Air Training Scheme.

De volta a Inglaterra, foi para o 77 Squadron em 8 de julho de 1940. Neste Esquadrão, voando os Armstrong Whitworth Whitley realizou suas primeiras missões de combate na Segunda Guerra Mundial. H. Shinkfield, secretário da 77 Squadron Association e historiador, encontrou os registros de alguns vôos:

02/10/1940 - Alvo: Frankfurt. Avião: Whitley V, P5094, KN-Y. Partida às 20:45 e chegada às 07:00.
08/10/1940 - Alvo: Limberg: Avião: Whitley V, P5023, KN-X. Partida às 18:30 e chegada às 02:20.
14/10/1940 - Alvo: Stettin. Avião: Whitley V, T4172, KN-R. Partida às 17:25 e chegada às 02:55.
20/10/1940 - Alvo: Wesserling. Avião: Whitley V, P5023, KN-X. Partida às 18:10 e chegada às 02:55.
24/10/1940 - Alvo: Cuxhaven. Avião: Whitley V, N1524, KN-G. Partida às 19:45 e chegada às 05:15.
29/10/1940 - Alvo: Den Helder. Avião: Whitley V, N1524, KN-G. Partida às 17:30 e chegada às 02:50.
27/12/1940 - Alvo: Bordeaux. Avião: Whitley VC, KN-A. Partida às 16:28. Acidentado às 03:35 quando tentava pousar em Abingdon, retornando da missão. O aparelho atingiu um prédio na base mas não houve feridos no acidente.

Ainda segundo H. Shinkfield, Cosme Gomm deixou o 77 Squadron em 13 de fevereiro de 1941, seguindo para o 54 Operational Training Unit em Church Fenton, West Riding of Yorkshire. Esta informação não consta na listagem disponibilizada pelo Australian War Memorial em sua página da internete. No período em que Cosme Gomm voou pelo 77, o mesmo estava baseado em Topcliffe, North Riding of Yorkshire.

Este esquadrão foi o que realizou o maior número de missões e registrou o maior número de perdas com o Armstrong Whitworth Whitley.

Após sua estada no 54 Operational Training Unit (n.a: segundo H. Shinkfield), Cosme Gomm foi transferido para o 604 Squadron em 17 de março de 1941. O 604 Squadron operava os Bristol Beaufighter MkI, caças-noturnos, baseados em Middle Wallop, sob o comando de John "Cat's Eyes" Cunningham. Em 18 de abril foi agraciado com a DFC, Distinguished Flying Cross.

Tendo como operador de radar o Plt. Off. Curnow, Gomm obteve 3 vitórias confirmadas e uma provável, como registrado em seus relatórios de combate, transcritos abaixo (n.a.: Transcrição no original):


For the attention of the Intelligence Officer
To: - 10 Group
From: - Middle Wallop

Night Composite combat report night 9/10 April
Pilot: - F/Lt Gomm Operator: / P/O Curnow
Beaufighter 604 Squadron

Time up: - 2253 Time down: - 0137

Controlled by G.L. who vectored N him 180 turned starboard facing East saw silhouette directly in front T at 14,000 feet. Pilot turned left and followed seeing two exhausts below mainplane. Followed on vector 360 and saw 4 bombs below fuselage between engine nacells. E/A thought to be Ju88. E/A did steep diving turn to the right. Pilot followed him down to 4,000 Ft taking snap shots but only one port gun appeared to fire. At about cloud level E/A made a few turns during which lower rear gun fired short bursts which passed to pilot's left. During return fire pieces were seen to fly off E/A who then dived into cloud and was lost.


For the attention of the Intelligence Officer
To: - 10 Group
From: - Middle Wallop

Night composite combat report 15/16 April RA8
Pilot F/Lt Gomm
Operator P/O Curnow
Control G C I Exminster
Time of combat 0220
Place S.W. of Portland

Whole interception over sea. Vectored on a S E course. E/A was losing height. Blip came back fairly quickly. Exminster had continually confirmed this course before we ever got contact. Got visual when at about 6,000 feet, 2/300 Yds dead ahead and slight above, fairly small shape. E/A was to right of moon and then moved across. Closed in fairly fast as since flying into moon visiblilty was difficult.

Identified as He 111 at about 150 Yds, from slight to port (no exhausts seen). Fired astern but slightly to port. First burst nothing happened. Probably low. 2nd burst set port engine on fire and went up fuselage which started to flame. E/A slowed up and then went into a dive getting steeper and steeper into the sea where it continued to burn. G C I Control was most helpful


For the attention of the Intelligence Officer
To: - 10 Group
From: - Middle Wallop Met

Night composit combat report RA1 . 16/4/41
Pilot F/Lt Gomm
Operator P/O Curnow
Control G.C.I. Exminster
Time of combat - 2250

On course of 360 with corrections starboard at 15,000 feet. Contact 10,000 feet away well above to port. Climbed steeply and overtaking. At time of visual E/A was 1500 feet above but on a converging course.

Pilot saw one exhaust, turned to port still climbing, got to a little bellow and behind, saw 4 exhausts about 100 yards away. Saw outline of wings and recognised as He 111 by shape at wing rood and dihedral. ( Exhausts blueish. The 2 inboard lower than the 2 outboard. Pipes not stubs ).

Fired - first rounds went bellow, pulled nose up a little and immediately an explosion. Pilot pulled up as stuff hit windscreen. Saw E/A going straight down till it hit the ground. Rounds fired 81.

CC First line Pilot F/Lt. Gomm

MA YA++BB+
Q R 0217 WGG K+

To: - HQFC (R) M/Wallop
426. 1/6/41

Reference night combat report from Colerne 31/5 - 1/6/41
Pilot - F/Lt Gomm
Operator - P/O Curnow


1 A/C Beau 6045 ( F/Lt Gomm - P/O Curnow ) 31/5 - 1/6 took off 0030 Hrs M/Wallop - GCI with Sopley instructed by Harlequim to call Sopley and vectored 360 degs to bandit going North. Pursued without contact for a few minutes and then put on to another bandit course 0150/1600

New vector 030 degrees and flashed contact obtained 0105. I swong port then starboard and obtained visual at aprox 500 yds closed in to aprox 250 and fired 2 short bursts after 1st burst started small fire and 2nd burst was followed by large explosion and E/A went down steeply on fire - I followed down, lost sight then found him only slightly on fire I gave another short burst which set E/A well alight and he went straight down from 5,000 and exploded on hitting ground 0110. No return fire was given after 2nd burst E/A went away on wide stbd turn 4/20mm cannon no stoppages weapon and RT satisfactory = No S/L exposed during approach afterwards vectored 150 degrees at aprox 0200 hours on to a bandit and obtained good contact on E/A which evaded by jinking and I lost visual and overshot but did s turns having probably seen me against n sky. No moon, clear sky with haze beneath me. No aid of S/L on 2nd interception. Landed at Colene 0315. Type of A/C shot down not identified nor place.

TO.D. 0610 Z
Dolan B

As informações mais recentes sobre os aviões atingidos são:

  • 9/10 de abril de 1941: Junkers Ju-88 danificado.
  • 15/16 de abril de 1941: Heinkel He-111 abatido sobre o mar. (provável unidade, Stab II/KG 55 ). Dois tripulantes mortos e dois capturados, após saltarem de pára-quedas.
  • 16/17 de abril de 1941: Heinkel He-111 abatido sobre terra firme.
  • 31 de maio/1 de junho de 1941: Aparelho não identificado abatido sobre terra firme. (provável unidade, I./KG 27 ). Dois tripulantes mortos e dois capturados, após saltarem de pára-quedas.

Em 1 de junho de 1941 Gomm foi promovido a Squadron Leader, sendo transferido para o Quartel General do 10 Group em 20 de junho. No dia 28 de junho tornou-se o Oficial Comandante da base da RAF em Colerne, North Wiltshire. Esta base era um campo auxiliar para Middle Wallop. (n.a.: a listagem do AWM cita o nome da base como sendo Colonnie, que não existe) Foi enviado ao 51 Operational Training Unit, baseado em Cranfield, Berdfordshire, em 17 de setembro, para aperfeiçoamento em vôo noturno. A partir de 17 de novembro passou a atuar como piloto de testes da RAF.

Finalmente, em 7 de novembro de 1942, torna-se o primeiro oficial comandante do 467 Squadron RAAF, formado nesta data em Scampton. Lincolnshire, integrando o 5 Group. No final do mês, o 467 foi transferido para a base da RAF em Bottesford, Leicestershire.

Se até agora sua história vai sendo contada tendo por base apenas documentos, é aqui, no seu período no 467 Squadron que podemos ter uma visão mais pessoal deste piloto, por contarmos com as palavras de alguns veteranos da RAF, que o conheceram. O nome de Cosme Gomm é lembrado com carinho justamente por ter sido o primeiro comandante desta unidade.

Keith Thielle nos dá uma visão de Bottesford:

Eu cheguei ao 467 RAAF Squadron em Bottesford, Nottinghamshire em 7 de novembro de 1942. Para um Esquadrão australiano, a sua composição era, por assim dizer, no mínimo estranha! O Oficial Comandande era o Wing Commander Cosme Gomm, DFC, um brasileiro que havia entrado na RAF antes da guerra. O comandante da A Flight era o S/Ldr "Pappy" Paape, DFC, um neo-zelandês servindo na RAF. A B Flight era comandada pelo S/Ldr David Green, DFC, um inglês. A C Flight, formada logo após a criação do Esquadrão era comandada por outro neo-zelandês, Keith Thiele, eu, de volta ao posto de Squadron Leader !! Como este vai-e-vem de postos foi uma constante durante a guerra, um brincalhão me sugeriu prender as divisas com zíperes !

Bottesford era, provavelmente, uma das piores bases em que servi, no tocante às instalações. Sem vasos sanitários com descarga e todo aquele cheiro característico... Os oficiais até que não estavam tão mal, mas os pobres coitados de outras patentes viviam em condições primitivas. O local estava sempre úmido e lamacento. Eles tinham de caminhar cerca de uma milha até o rancho se desejassem água quente para sua higiene. Apesar disso, foi uma das bases mais alegres que servi. A moral era tremenda. No entanto, a turma de terra era pobremente paga. Eu ficava espantado ao ver que alguns recebiam quantias irrisórias, após os descontos para as viúvas e familiares. Ainda assim, podíamos ouví-los cantarem enquanto se encaminhavam para seus lares, naquele tempo frio e miserável. De forma apropriada, a canção dizia:

"I've got sixpence, jolly, jolly sixpence, I've got sixpence to last me all my life, I've got twopence to spend, twopence to lend and twopence to give unto my wife. (Eu recebi seis pence, alegria, alegria seis pence. Eu recebi seis pence para durar toda minha vida. Eu recebi dois pence para gastar, dois pence para emprestar e dois pence para dar à minha esposa)".

A maior parte do trabalho era em campo aberto, nos pontos de dispersão, fazendo a manutenção dos motores e outros procedimentos, abastecendo, remuniciando e carregando as bombas, sempre em condições duras. Ainda assim, raramente se queixavam."

Como podemos ver, esta era uma tarefa de enorme importância, ser o primeiro Oficial Comandante de uma unidade recém-formada. Vincent Holyoak, em seu livro "Wings of the Morning", nos dá uma primeira impressão sobre Gomm:

"Com 29 anos, o W/Cdr Cosme Gomm era um veterano. Nascido no Brasil, alto e de fala macia, como muitos outros descendentes de inglêses, educado na Inglaterra. Foi comissionado na RAF no dia de seu 21º aniversário e ao início das hostilidades já era um Flight Leutenant, completando seu primeiro turno operacional no 77 Squadron, voando Whitleys (n.a.: pela listagem do Australian War Memorial, Gomm contava com 19 anos ao ingressar na RAF). Em abril de 1941 foi agraciado com a DFC e transferido para o 604 Squadron, em Middle Wallop, operando os Bristol Beufighters sob o comando do famoso "Cat's Eyes" Cunningham. Gomm foi creditado com dois Heinkels He 111 e um Junkers Ju 88 em seu breve turno com o 604, antes de ser transferido para um posto no Estado-Maior da RAF (n.a.: Atualmente são creditados 3 Heinkel He 111). Promovido à Wing Commander, recebeu a tarefa de tornar operacional o recém formado 467 Squadron, criado em 7 de novembro de 1942 em Scampton, sendo o segundo Esquadrão australiano do Comando de Bombardeiros, precedido pelo 460 Squadron. Sua indicação como Oficial Comandante provou ser uma excelente escolha. Apesar de sua natureza discreta, suas excentricidades manifestavam-se na forma de um grande Oldsmobile de dois lugares, usado com muita inveja em tempos de severa restrição de combustível, assim como a sua maneira habitual de saudar os companheiros de bebedeira, com a frase "Never a Dull !"

Harold Hernaman, Secretário do 156 Squadron Association:

"Ele era, como você já deve ter descoberto por outros contatos, um homem extremamente querido. Um líder carismático que todos nós nos orgulhamos de ter conhecido. Morreu na noite de 15 de agosto de 1943, durante um ataque a Milão, na Itália. Foi uma grande tragédia pois, naquela época, todos nós dizíamos que os ataques à Itália, apesar da longa duração - de 9 a 10 horas - eram üma moleza" (n.a.: "Piece of Cake" no original). Nossa forma de dizer que estas missões eram fáceis. Eu não estava mais no 467 Squadron quando ele faleceu, minha tripulação havia completado seu turno de serviço em 24 de julho, e fomos voluntários para mais um turno, desta feita no 156 Squadron Pathfinders, onde chegamos no dia 14 de agôsto. Sei que meu piloto ficou muito triste ao saber da notícia, pois o conhecera bem durante os sete meses que esteve no 467. Infelizmente sou o único sobrevivente de nossa tripulação e não posso passar suas questões para mais ninguém. Lembro que era um homem alto, elegante e muito carismático, sempre acessível independente da patente. Uma das pessoas mais memoráveis que tive contato durante meu serviço na RAF. Sua assinatura aparece na minha caderneta de vôo em quatro ocasiões, confirmando a correção de minhas anotações."

Geoffrey Smith relembra:

"No final de junho de 1943, fui transferido para o 467 Squadron (eu era piloto) em Bottesford, Lincolnshire. Wing Commander Gomm era nosso Oficial Comandante. Do mais baixo aviador até os mais experientes Flight Commanders... tinha o maior respeito por todas as patentes. Era respeitado como um grande homem, um completo cavalheiro, um líder inspirador para todos nós. Sua morte foi uma perda trágica para nós. Eu era um oficial junior nesta época e infelizmente, por esta razão, não pude conhecê-lo intimamente."

Para Des Sullivan, a liderança de Cosme Gomm foi uma inspiração:

"Sim, todos sabíamos que ele era do Brasil !!! Era um homem carismático e notável. Foi meu primeiro Oficial Comandante em um Esquadrão em Bottesford, Nottinghamshire e, naturalmente, observava seu "Modus Operandi" com grande interesse.

Para começar, um dia em que minha tripulação, junto com outra, estavam sendo checadas em Bottesford, bem, naquela noite, o Esquadrão havia perdido três aviões. No dia seguinte, como planejado anteriormente, houve um baile na Base. Nós questionamos o fato do mesmo não ter sido cancelado. Ele nos disse: "-Rapazes, a vida têm de continuar e cancelar o baile por causa das tripulações perdidas seria ruim para a moral da base". Minha primeira lição, mais tarde em minha carreira, encontrei-me em uma situação parecida.

Era muito amigável com todos, tão amigável quanto pode ser um Wing Commander !! Tinha um grande senso de humor e habilidade para contar grandes casos (n.a.: "lineshots" no original) Não sei como vocês chamam aí no Brasil, mas significa contar uma mentira deslavada sobre algum evento aéreo. Para fornecer uma base para um de seus melhores casos, no Comando de Bombardeiros nós sabíamos que Berlim tinha as mais profundas defesas mas, a maior concentração de artilharia anti-aérea ficava no complexo das indústrias Krupp, em Essen, vale do Ruhr.

Nós carregávamos câmeras fotográficas para podermos conferir onde as bombas haviam acertado o alvo. Certa ocasião, Cosme Gomm retornou de um ataque a Essen com uma imagem perfeita das instalações da Krupp.

Ao ser parabenizado, ele disse com a maior cara de pau: "-É fácil obter um ponto para focar a foto em Essen, a artilharia anti-aérea é tão fraca que basta baixar o trem de pouso, reduzir a rotação dos motores, taxiar sobre o alvo, largar as bombas bem embaixo, acelerar e decolar novamente!" Que história!

Gomm odiava perder suas tripulações ( como descobri mais tarde) mas 1943 foi um ano ruim. As defesas alemãs em terra eram extensas mas, devido ao fato de possuírem muitas bases na França, seus caças noturnos nos atacavam na ida e na volta, muitas vezes nos seguindo até em casa. Uma noite, atacamos um intruso sobre a Inglaterra, acima de nós, que atacava furtivamente um Halifax, cuja tripulação acreditava estar voltando sã e salva ao lar.

Todos nós ficamos muito tristes com seu desaparecimento em agôsto de 1943. Ele era como um monumento para a base e decidi, que se um dia fosse promovido para um posto de comando, tentaria moldar-me com base em suas atitudes e filosofia. Foi uma boa decisão pois, 14 meses mais tarde eu era o Oficial Comandante do 463 Squadron e relembrei tudo que havia aprendido com o W/Cdr. Gomm. Certamente por ter sido meu primeiro Oficial Comandante operacional. Infelizmente perdi outros mais, mas para mim ele foi um modelo a ser seguido.

Estranhamente, é suficiente dizer que certa vez, após termos sobrevivido à uma missão apavorante, ele me disse: "-Des, tenho a sensação de que você irá em frente e terá sucesso!!"

Keith Thiele, que danificou 9,5 aviões britânicos durante a guerra, relembra com humor que poderia ser um ás na aviação alemã !! Dos vários incidentes que teve, culminando com a perda de um bombardeiro, um em especial contou com a atuação de Cosme Gomm, o que impediu que respondesse a uma corte marcial. É assim que Keith narra este momento:

"Relutantemente, devo recontar outro incidente que aconteceu comigo nesta época. Foi a maior e mais estúpida "mancha" em minha carreira aeronáutica. Pensei em não o incluir, mas, tendo prometido contar toda a verdade, sinto que preciso.

Era um dia normal na base, sem operações para a noite. Meu avião passou por alguma manutenção e eu marquei um vôo de teste para as 16 horas. Quando entrei no rancho para o almoço, descobri que o Oficial Comandante recebia a visita de um Wing Commander amigo. Nós todos tomamos várias doses e a inofensiva bebedeira teve início. Bebemos todo o estoque de Scoth do bar, após o que, me contaram, passamos para o Gin e o Sherry! A cor era a mesma mas nesta altura, aparentemente, estava incapaz de diferenciar o sabor!

Os eventos que aconteceram após isso, só posso relatar com base no que me contaram mais tarde, pois minha memória ficou completamente apagada. Em meu estado de bebedeira, lembrei-me do vôo que havia marcado. Segundo me disseram, pulei para o carro e dirigi-me ao avião, derrubando todos os pequenos postes brancos da rodovia. Sozinho, dei partida aos motores. Um pobre oficial, controlador de vôo, havia pedido e recebido permissão para me acompanhar, quando meu vôo fora marcado. Sem imaginar minha real condição, ao ver os motores sendo ligados, correu pela pista e subiu a bordo. Disseram-me que tentei decolar enquanto taxiava no local da dispersão, não consegui fazer uma curva e disparei pelo campo, até atingir uma vala. O avião enfiou o nariz no chão, amassando as quatro hélices e depois retornou à sua posição normal, partindo a cauda! A sorte de Thiele novamente, eu suponho, pois imagino o que teria acontecido se eu tivesse decolado. Só Deus sabe!

Um passageiro muito abalado com a cara branca, desembarcou. Me pergunto se algum dia ele voou novamente! Levantei da cama no dia seguinte com uma dor de cabeça gigantesca e a vaga sensação de que alguma coisa estava errada. Isso se confirmou assim que entrei no rancho e recebi alguns olhares muito estranhos! O Oficial Comandante me chamou para um canto e disse: "-Nós temos um problema. Desça para o escritório. Precisamos conversar!" Que camarada! Ele tentou convencer o Group, que fora um acidente por ter taxiado com velocidade! O Group estava quase dando seu endosso em minha caderneta de vôo, mas decidiu ir contra, "por causa de meu belo registro de vôos". Este fora um dos três Lancasters que eu declarara destruído."

Em 10 de abril de 1943, Gomm esteve presente em uma importante cerimônia. No decorrer da Segunda Guerra Mundial, muitos aviões foram doados à RAF, com fundos arrecadados em várias partes do mundo. No Brasil, a Sociedade do Fole forneceu à RAF alguns Spitfires e Typhoons. Nesta data, foram entregues à RAF dois Spitfires MK VC tropicais, os Bellows Brazil IV e V. Estavam presentes à cerimônia, entre outros, o embaixador brasileiro Muniz de Aragão, Sir Archibald Sinclair, Group Captain Sir Louis Greig, e o Comodoro do Ar Beaumont. Cosme Gomm participou da cerimônia com duas brasileiras, integrantes da WAAF (Womens Auxiliary Air Force), LACW J. Clark e LACW L. Hodgkiss. (LACW significa Leading Aircraft Woman).

11 de junho de 1943 marca a data em que recebeu a DSO, Distinguished Service Order, por sua atuação em combate e qualidades de liderança.

No dia 21 de junho, Gomm participou da "Operação Bellicose". Neste ataque, foram usados equipamentos para bombardeio guiados por rádio. O sistema já se mostrara satisfatório no ataque contra as represas no vale do Ruhr, assim como, em um ataque diurno contra a Schneider, em Le Creusot, na França. O Serviço de Inteligência descobrira que a Zeppelin, em Friedrichschafen, estava produzindo os radares terrestres Wurzburg. Sendo uma única fábrica e um alvo pequeno, era uma excelente oportunidade para se testarem novamente o sistema de direção por rádio. As aviões, após atingirem o alvo, seguiriam para a África do Norte, sendo municiados e reparados, realizando um novo ataque no vôo de regresso a Bottesford. Quando a seção de equipamentos fez uma entrega de uniformes tropicais, ficou claro que a data da operação se aproximava. Oito equipagens do 467 Squadron, as mais experientes entre as que foram treinadas durante semanas para estes ataques, decolaram na noite de 21 de junho, unindo-se à força atacante, liderada pelo Group Captain Slee. Após a formação se organizar na costa da França, realizou uma passagem simulada em direção ao Ruhr, antes de se dirigirem à Friedrichshafen. O Lancaster de Slee recebeu um tiro certeiro da artilharia anti-aérea, forçando-o a passar o comando da operação para Gomm. Sobre a França a formação encontrou violentas tempestades elétricas, com o fogo de santelmo dançando entre as hélices e os canos das metralhadoras. Repentinamente, ao aproximarem-se do alvo, as nuvens abaixo se abriram permitindo uma boa visão de Friedrichshafen ao luar.

Nesta ocasião Gomm ficou insatisfeito por ter que realizar seu ataque correndo grande risco, em baixa altura, atraindo toda a artilharia anti-aérea. Apesar de seu pessimismo, fotos de reconhecimento mostraram que 10% das bombas atingiram o alvo. Após o ataque, a força seguiu pelo Mediterrâneo, até Blida, Argélia, onde pousaram em segurança. No dia 23, Gomm retornou, atacando La Spezia, na Itália, chegando finalmente em Bottesford ao amanhecer do dia 24.

Em julho de 1943, era publicada uma pequena nota sobre Gomm, na Old Georgian Gazette, publicada pelo Instituto Saint Georges de Quilmes (n.a.: Transcrição no original)

"Wing Commander Gomm seems to be hitting the headlines as "the Anglo Brazilian flying ace" he has been on many raids over Germany, and is specially mentioned as the leader of the succesfull raid on Dortmund on May 4th/5th on this occasion he was flying a four engined Lancaster."

Gomm, um valoroso e dedicado combatente, apreciado e respeitado, a despeito de sua experiência, finalmente sucumbiu. Eram muitos os perigos durante as missões de bombardeio. O tempo, a tensão, as falhas mecânicas, a artilharia anti-aérea e a caça alemã cobravam um alto preço.

Assim Vincent Holyoak nos conta sua última missão:

"Deve ter sido com alguma apreensão que o Wing Commander Gomm soube no dia 15 de agosto, que pela terceira noite consecutiva Milão seria o alvo. Era sempre recomendado manter-se o elemento surpresa, mas, algumas vezes, dois, três ou mais ataques consecutivos ao mesmo alvo eram inevitáveis. Em agosto de 1943, a determinação da Itália em continuar na guerra estava acabando, e cidades como Milão - com muitas indústrias e leve defesa - apresentavam-se como alvos convidativos. No anoitecer de domingo, dia 15, dez equipagens do 467 Squadron partiram unidas para a Itália, lideradas por Gomm.

Nas últimas horas do dia 15, a formação seguia pelo sul da França. Os relatórios após o ataque falam sobre a artilharia anti-aérea, inesperadamente certeira, próximo à cidade de Chartres. Testemunhas do 467, afirmaram que pelo menos dois Lancaster receberam impactos diretos e se desintegraram no ar. As evidencias, contudo, sugerem que as perdas se deveram na verdade à ação de caças. A bordo do Lancaster de Gomm, o ED998 matrícula PO-Y, uma violenta e inclemente explosão rompeu os tanques de combustível e envolveu o aparelho em chamas. Gomm gritou: -Fomos atingidos! Caiam fora! No momento em que a tripulação fazia sua tentativa desesperada para pegar os pára-quedas, o Lancaster desintegrou-se com uma enorme explosão, que lançou fragmentos em uma área de duas milhas quadradas. Ao lado de Gomm neste vôo, tendo participado de 23 operações anteriormente, estava o mais jovem membro da equipagem, James Lee, o engenheiro de vôo com 20 anos de idade. Ele não lembrava nada do que acontecera após a explosão, exceto a de encontrar-se flutuando, descendo em seu pára-quedas em chamas. Estava caíndo rapidamente, com suas mãos seriamente queimadas, pouco podendo fazer para controlar sua descida. Ferimentos graves pareciam inevitáveis mas ele caiu sobre um monte de feno. Machucado e em choque, Lee não anteviu qualquer chance de fuga e decidiu entregar-se. Dolorosamente, encaminhou-se para a fazenda mais próxima, mas os ocupantes estavam muito temerosos das represálias que os alemães pudessem fazer. Isso se repetiu novamente, até que a família Paragot, na cidade de Chaisnes, o acolheu. Atendendo um pedido de Lee, o doutor foi chamado, sabendo que ele teria de notificar os alemães. Lee ficou duas semanas no hospital local, sendo mais tarde transferido para o Stalag IV B, na Alemanha.

Cosme Gomm e os outros cinco membros da tripulação foram enterrados em St. Désir, próximo de Lisieux. Em junho, a citação de Gomm para a DSO (11 de junho de 1943) terminava assim "... por intermédio de seus magníficos esforços construiu um Esquadrão de Lancaster, provavelmente sem igual". Reforçando esta declaração, a edição de agosto do 5 Group News informava que no mês anterior o 467 havia voado o maior número de horas dentro do Group (1178), lançado a maior tonelagem de bombas (710), o maior percentual de aparelhos em serviço (21,9%) e obtido o maior número de fotografias dos alvos atingidos (82 em 163 tentativas)."

Keith Thiele:

"Os alvos na Itália eram considerados üma moleza" (n.a.:"Piece of Cake", no original). Contudo, foi na noite de 15 de agôsto que nosso querido Oficial Comandante Cosme Gomm e sua equipagem foi perdida, em uma missão para bombardear Milão. A moral italiana estava se esfarelando nesta época e Harris decidiu dar um empurrão final através de um bombardeio sem tréguas. Era a terceira noite seguida que Milão era atacada e Cosme estava preocupado, pois esta freqüência alertaria a Luftwaffe. O que de fato aconteceu.

Foi atacado por um caça-noturno. O Lancaster explodiu no ar e seus fragmentos foram espalhados por uma área de duas milhas ao redor de Beaumont-et-Loire, em sua jornada sobre a França. Por milagre, o engenheiro de vôo Sgt. J.R.Lee, que havia se juntado à tripulação de Gomm após o falecimento de seu comandante, foi atirado para fora do aparelho e mesmo gravemente queimado, pousou em segurança com seu pára-quedas em chamas. Contando com muita sorte, escapou de ferimentos mais graves durante sua queda, caindo sobre um monte de feno! Definitivamente não havia chegado sua hora nesta noite. Ele terminou a guerra internado em um campo de prisioneiros na Alemanha. Meu artilheiro da torre superior, Sgt. Pritchard, promovido a Pilot Officer, juntou-se à equipagem de Gomm, após o término de minhas operações. Ele faleceu nesta noite."

Certamente esta foi uma noite triste em Bottesford, dentre tantas outras. De todos os que lamentavam sua partida, uma mulher, em especial, sentiu-a com maior profundidade. Paula Fraser, uma das inúmeras WAAF que serviam em Bottesford, era na ocasião, sua namorada. Marie Cooper, da seção de inteligência, conta que Paula ficara tão abalada e deprimida que, para que sua presença não afetasse o moral na base, foi transferida imediatamente. Keith Thiele lembra-se de Paula, em Bottesford, mas nunca soubera da ligação entre ambos. Mas, conforme diz, certamente todas eram enamoradas por Gomm, devido ao seu charme.

Ao contrário do que se acreditava anteriormente, o Lancaster de Cosme Gomm não foi alvo de um tiro certeiro da artilharia anti-aérea ou mesmo um caça-noturno alemão. Sabe-se hoje, que não houveram combates assinalados pela caça-noturna naquela região. No entanto, o I Gruppe do Jagdgeschwader 2 estava efetuando vôos noturnos. Entre os muitos pilotos em ação na noite de 15 de agôsto de 1943, estava o Ofw. Josef Bigge, com um Fw190 do 2 Staffel. Ele abateu um Lancaster nesta noite, estando entre os prováveis vitoriosos sobre o PO-Y, conforme registrado pelo JG2:

15.08.43 Ofw. Josef Bigge 2./JG 2. Lancaster. Courville-sur-Eure: 4.300 m. (W. Chartres) 23.23FilmC.2031/IIAnerk:Nr.-

A equipagem do Lancaster PO-Y em sua última missão:

W/Cdr Cosme Lockwood Gomm, DSO, DFC	Piloto
Sgt. J. R. Lee	                        Engenheiro
P/O K. Gibson	                        Navegador
F/O T. J. Phillips	                Bombardeador
F/O A. H. Reardon	                Operador de rádio
P/O R. N. Pritchard	                Artilheiro da torre dorsal
W/O L. L. McKenny	                Artilheiro da torre na cauda

Vôos realizados no 467 Squadron:

 Data   	 Destino 	 Identificação do aparelho 
 16/17.1.43 	 Berlim 	  	W4823
 3.1.43 	 Düsseldorf 	  	W4823
 30/31.1.43 	 Hamburgo 	  	W4823
 13/14.2.43 	 Lorient 	  	ED699
 26/27.2.43 	 Colônia 	  	ED530
 1/2.3.43 	 Berlim 	 PO-V 	ED539
 3/4.3.43 	 Hamburgo 	 PO-V 	ED539
 5/6.3.43 	 Essen 	  	 
 8/9.3.43 	 Nuremberg 	  	ED500
 12/13.3.43 	 Essen 	PO-V 	 ED539
 1/2.3.43 	 Berlim 	  	ED651
 3/4.4.43 	 Essen 	PO-F 	 ED737
 8/9.4.43 	 Duisburg 	  	ED695
 13/14.4.43 	 Spezia 	 PO-M 	ED547
 16/17.4.43  	 Pilsen 	 PO-M 	ED547
 4/5.5.43 	 Dortmund 	 PO-C 	ED504
 12/13.5.43 	 Duisburg 	 PO-N 	ED657
 13/14.5.43 	 Pilsen 	 PO-N 	ED657
 23/24.5.43 	 Dortmund 	  	W5003
 21/22.6.43 	 Friedrichshafen PO-Y 	ED998
 23/24.6.43 	 Spezia 	 PO-Y 	ED998
 24/25.7.43 	 Hamburgo 	 PO-M 	ED547
 27/28.7.43 	 Hamburgo 	  	ED992
 7/8.8.43 	 Genova 	  	ED530
 15/16.8.43 	 Milão 	 PO-Y 	ED998

Alguns relatórios de combate no 467 Squadron (n.a.: Transcrição no original):

Debriefing report 20/21JUN43. WGCDR Gomm, C.L. Friedchshaven:


Sortie completed, clear moon not much effect due to hight cloud. Took over at rendezvous point 0225. Flares dropped by PFF 0238 to East of target (between airfield and target) 0239 PFF red about 1.5 miles East of target. 0240 green TI 400 yds East of target. 0241 own A/C dropped green Ti and red flared - dropped on target. 0243 Mk XIV A/C ordered to attack visually. 0244 PFF offered to back up IT and permission granted. 0247 own A/C dropped green TI. 0247 indirect bombing ordered owing to number of TI scattered about 0302 attack completed. Bombed green TI nearest target, own bombing shed. The attack could have been successful but for the following reasons:
Not sufficient flares.
First green TI accurate but backers up too far from target.
Heavier opposition than expected.
There was very little wind over target.
A controlled attack (RT) can and will be successful.
Landed at Blidia N.A.

Debriefing report 23/24JUN43 WGCDR Gomm, C.L. Blidia return to Bottesford:


Target Spezia sortied completed. From Blidia. Clear dark. Smoke screen. Oil fires at naval oil storage depot at Marola. Docks seen. Ordered A/C to bomb 580 yds North of fire, bombed to North of oil fire from 1200 ft at 2356. Smoke screen covered docks, incs burning South of docks. Large oil fires at Marola. The target area was too well screened by smoke to be able to make a successful attack with too few flares and a dark night with haze. Not many bombs hit the target area. 2332 dropped flare from 10800, 2342 dropped green TI bundle, 2354 dropped green TI bundle. 1 x 4000 hc, 4 x 500lb carried.

Debriefing report 07/08AUG43 WGCDR Gomm, C.L. Genoa:


Sortie completed, thin cloud above a slight ground haze. Bombed first green TI to drop from, from 15000 at 0120, 1 x 4000, 32 x 30lb inc 450 x 4lb inc, Met conditions considerably better than forecast. Tail winds stronger going to target. PFF good. AP identified visually. Reasonably concentrated bombing North-West of town beginning to burn well when we left. Defences very "WOPPISH". Raid considered good - pity so few A/C were on. Navigation good.

Duas outras notas sobre Gomm, foram publicadas na Old Georgian Gazette (n.a.: Transcritos no original)

Setembro de 1943:
Many Old Georgians will remember Cosme Gomm from Brazil, who was at St. George from 1922 do 1927 and whom we mentioned in our last issue as having been met by chance by another o.g. 2nd Lt Charles Jackson at a regatta a swimming gala. Gomm who is a W/Cdr in the RAF and already wears the D.F.C. has figured prominently in the news of late. We first heard of his having participated with his Sqdn. of four engined Lancasters.

1944:
El Wing Commander Gomm de la RAF es idolatrado por las tripulaciones de su escuadron de tierra y de vuelo por sus hazañas en una importante estacion de bombarderos, el es muy modesto acerca de sus hazañas que dificilmente se lo puede persuadir pra que hable de ellas. Es un veterano de 51 missiones en territorio enemigo y participo de los raids "centella" en Dortmund en el mes de Mayo. (Revista Old Georgians de 1944, Buenos Aires). Um ponto muito curioso de se observar é que, ambas notas foram publicadas após a morte de Gomm e não mencionam que falecera em combate.

Em 15 de agosto de 1999 um Livro de Honra para os membros do 467 Squadron que faleceram em combate, quando o mesmo estava baseado em Bottesford, foi inaugurado na igreja da cidade. Coube à Harold Hernaman presidir a cerimônia:

"Você deve estar interessado em saber que fui o encarregado pela criação de um Livro de Honra, para os membros do 467 Squadron falecidos durante seu serviço na base da RAF em Bottesford. Ele foi instalado na igreja local, e inaugurado no dia 15 de agôsto de 1999. É uma data de grande significado, relembrando o fim da guerra contra o Japão, assim como a data do último vôo do W/Cdr. Gomm. Fui convidado a propor um brinde em sua memória. Infelizmente eu era a única pessoa naquele dia que o havia conhecido, e assim mesmo, muito pouco, já que era o de menor patente na minha equipagem, um Sargento, e ele tinha a patente mais alta que se podia obter e continuar em operação. O brinde que propus naquele dia foi "Never a Dull!", uma expressão favorita de Gomm, quando estava no rancho. Era sempre acompanhada por um sinal, a união do seu dedo indicador e o polegar, formando um O, sacudidos na altura do ombro." (n.a.: É difícil aqui conjecturar o real significado da expressão, permitindo muitas interpretações. Pelo fato de simular, com os dedos, o ato de se beber, creio que algo como "Nunca Aborrecido!" seria apropriado.)

Que este trabalho, ainda que incompleto, possa fazer jus à memória de um notável piloto e líder, que como milhares de outros combatentes, não pôde realizar a última e mais importante missão, o regresso ao lar. Never a Dull!

AGRADECIMENTOS

  • ALAN WELLS
  • ALEXANDRE PINTO DE ASSUNÇÃO
  • ÁLVARO LUIZ DE SOUZA GOMES
  • AUSTRALIAN WAR MEMORIAL
  • CARLOS EUGENIO DUFRICHE
  • CHARLES BROADHURST
  • CHRIS GOSS (ESCRITOR, PESQUISADOR, MEMBRO HONORÁRIO DO 604 SQUADRON ASSOCIATION)
  • CLAUDIO GUSTAVO MEUNIER (PESQUISADOR, ESCRITOR)
  • COMMONWEALTH WAR GRAVES COMMISSION (MARGARET BISKUP, JULIE SOMAY, MAUREEN ANNETTS, MARIA CHOULES)
  • DENNIS PESCHIER
  • DES SULLIVAN, DSO,AM,DFC,JP (VETERANO)
  • ERNIE BURTON
  • FERNANDO ESTANISLAU
  • GEOFFREY J. SMITH (VETERANO)
  • GIANMARIA SPAGNOLETTI
  • GRAHAM BOAK
  • H. SHINKFIELD - SECRETÁRIO E HISTORIADOR DO 77 SQUADRON ASSOCIATION
  • HANS NAUTA
  • HAROLD HERNAMAN, DFC (VETERANO)
  • IMPERIAL WAR MUSEUM - PHOTOGRAPHIC ARCHIVE (DAVID PARRY)
  • JEAN-NOÉL VIOLETTE
  • JIM QUINN - SECRETÁRIO DO 467-463 LANCASTER SQUADRONS ASSOCIATION (VETERANO)
  • JOHN ANNALS - SECRETÁRIO DO 604 SQUADRON ASSOCIATION
  • KEITH J. THIELE, DSO,DFC (VETERANO)
  • LAURENT RIZZOTI
  • LOUIS LUDOVIC (FOTOGRAFIAS CEMITÉRIO ST. DESIR)
  • MARCELO RIBEIRO DA SILVA
  • PHILIPPE BAUDUIN (FOTOGRAFIAS CEMITÉRIO ST. DESIR)
  • ROBERT GOODWIN (VETERANO)
  • STÉPHANE PICHARD
  • STEPHEN CLEMENTS (RAAF MUSEUM LIBRARY)
  • TED RICHARDSON
  • VINCENT HOLYOAK (PESQUISADOR E ESCRITOR, FOTOGRAFIAS)
  • WILL CHABUN
  • WOMEN'S AUXILIARY AIR FORCE ASSOCIATION (FLORENCE MAHONEY, BERYL WILLIAMS)
REFERÊNCIAS
  • 12 O'CLOCK HIGH DISCUSSION BOARD (Internet)
  • AÉROFORUNS (Internet)
  • AUSTRALIAN WAR MEMORIAL (Página Ofiial na Internet)
  • CAPÍTULOS DA AUTO-BRIOGRAFIA DE KEITH THIELE (Não publicada)
  • CORRESPONDÊNCIA COM VETERANOS DO BOMBER COMMAND DA RAF CONFORME INDICADO NO TEXTO
  • LARRY'S BOMBER COMMAND PAGE (Internet)
  • ON THE WINGS OF THE MORNING - RAF BOTTESFORD 1941-1945, POR VINCENT HOLYOAK. EDIÇÃO PARTICULAR, 1995.
  • THE ROYAL AIR FORCE (Página Ofiial na Internet)
  • WING COMMANDER COSME LOCKWOOD GOMM DSO,DFC,RAF POR RAFAEL PINHEIRO MACHADO (Arte & Modelismo, Nº 88 ANO VIII, Agosto DE 1999)
FOTOS
Um raro momento de relaxamento. Cosme Gomm, ao centro, fotografado em Broughton, próximo à Middle Wallop, base do 604 Squadron - 1941. À esquerda, F/Lt Edward Crew, que sobreviveu à guerra chegando ao posto de Vice Marechal do Ar. À direita, F/Lt Ian Joll com sua esposa. Edward Crew entrou para o 604 Squadron em junho de 1940, vindo da Cambridge University Air Squadron. Ian Joll era antes da guerra, assim como John Cunningham, um Auxiliary Officer. Ian e seu metralhador, ao realizarem um ataque contra um avião alemão no solo, durante a invasão dos Países Baixos, fizeram uma aterrisagem forçada em uma praia da Holanda, evitaram a captura e conseguiram retornar à Inglaterra (604 Squadron Association)
John "Cat's Eyes" Cunnningham CBE,DSO com duas barras, DFC e barra. Ás da caça-noturna britânica. Group Captain John "Olhos de Gato" Cunningham com a idade de 18 anos entrou para o 604 Squadron Royal Auxiliary Air Force em Hendon. Em agôsto de 1939 foi transferido para o 604 Squadron, caça-noturna, voando primeiramente o Bristol Blenheim, mais tarde o Bristol Beaufighter e finalmente o De Havilland Mosquito no 86 Squadron. Em janeiro de 1944, com apenas 27 anos, foi promovido a Group Captain do 11 Grupo de Caças Noturnos da RAF. Obteve 20 vitórias. Após a guerra, foi piloto de testes da De Havilland. Faleceu em 21 de julho de 2002 (John Cunningham via 604 Squadron Association)
Pessoal do 604 Squadron, em Middle Wallop, 1941. (Arquivo Chris Goss/Raubach)
Cosme Gomm é o primeiro, sentado, à direita. Uma conversa animada aproveitando o sol de inverno, relaxar durante o dia preparando-se para as árduas missões noturnas. (Arquivo Chris Goss/Raubach)
Imagem retirada de um filme, mostrando Cosme Gomm junto aos membros do 467 Squadron. Ele é o mais alto, logo abaixo do nariz do Lancaster. (Coleção Vincent Holyoak)
W/Cdr. Cosme Gomm, retratado pelo Oficial Médico do 467 Squadron, Vern Howarth. (Cole'c~ao Vincent Holyoak)
Cosme Gomm e sua equipagem, passam informações para o Oficial de Inteligência do 467 Squadron ao retornarem de um ataque. Cortesia da fotografia: (Coleção Vincent Holyoak).
Cosme Gomm - de pé, ao centro - observa enquanto a equipagem do P/O G.S.Mant RAAF se reporta ao Oficial de Inteligência. Eles foram derrubados na noite de 11/12 de março de 1943, após atacarem Stuttgart. Morreram o piloto, P/O Mant e o operador de rádio, F/Sgt G.H. Millett. Os demais foram aprisionados. (M. Claridge via Coleção Vincent Holyoak)
Noite de 3 de março de 1943. Aguardando o momento da partida para o ataque contra Hamburgo, integrantes do 467 Squadron relaxam junto ao Lancaster ED500 PO-V, pilotado por Gomm nesta noite. Da esquerda para a direita, F/O Hare, S/Ldr Evans, W/Cdr Gomm, Sgt. James Lee e Sgt. A. Brown. (M. Palmer via Coleção Vincent Holyoak)
Bottesford, 1943. Da esquerda para a direita: F/Lt. Raphael (morto em combate 17/18 de agosto de 1943), W/Cdr. Cosme Gomm (morto em combate 15/16 de agosto de 1943) e F/Lt. J. Desmond (morto em combate 27/28 de maio de 1943). (Coleção Vincent Holyoak)
Bottesford, 1943. Da esquerda para a direita: W/Cdr. Gomm, F/Lt. Hare, F/Lt. Parry, S/Ldr. Evans, desconhecido. (Coleção Vincent Holyoak)
Um dia para se comemorar, S/Ldr. Keith F. Thiele recebe a DSO, a primeira para um integrante do 467 Squadron. Da esquerda para a direita, em um típico brinde "Never a Dull!": F/O Murray, W/Cdr. Gomm, S/Ldr. Thiele, G/Capt. McKechnie, S/Ldr. MacKenzie e F/Lt. Raphael. Em poucos mêses, apenas Murray e Thiele estariam vivos. (M. Claridge via Coleção Vincent Holyoak)
Durante a festa para brindar a DSO de Keith Thiele, podemos ver Gomm e Paula abraçados ao fundo. (M. Claridge via Coleção Vincent Holyoak)
Um outro momento da festa, contando agora com a presença do mascote fazendo uma bela pose para alegria da turma. (M. Claridge via Coleção Vincent Holyoak)
Digno de um diorama, o Lancaster PO-N em Bottesford, momentos antes da partida para um vôo de teste. No alto, ao fundo, o rancho dos oficiais. (Geoffrey J- Smith)
Nesta foto, a equipagem do Lancaster PO-N - "N for Nuts". O primeiro à direita, ajoelhado é seu piloto, Geoffrey Smith, que acredita ser o único ainda vivo. (Geoffrey J. Smith)
A equipagem de Harold Hernaman em Bottesford. Da esquerda para a direita: Sgt. Eric Rosie,DFM; Sgt. Austin Brown,DFC,DFM; Sgt. "Ernie" Hernaman,DFC; F/O "Bill" Manifold,DFC; P/O "Tom" Moppett,DFC; P/O Currie,DFC e Sgt. Jervis,DFM. Hernaman é o único ainda vivo. (Harold Hernaman)
Uma das páginas da caderneta de vôo de Hernaman, onde aparece a assinatura de Cosme Gomm. (Harold Hernaman)
Des Sullivan, DSO,AM,DFC,JP. (Des J. Sullivan)
Blida, Argélia, 22 de janeiro de 1943. W/Cdr. Gomm, em uniforme tropical e demais tripulantes do Lancaster PO-Y durante a Operação Bellicose. (R. Hare via Coleção Vincent Holyoak)
Cartão com o menu para a noite de Natal no Stalag IVB com anotações feitas por James Lee. (Coleção Vincent Holyoak)
Última página da caderneta de vôo do Sgt. Lee. (Coleção Vincent Holyoak)
Entrada do cemitério britânico em St. Desir. (Philippe Bauduin)
Destacam-se à frente do portão, a construção circular que abriga o registro dos combatentes e a Cruz do Sacrifício. (Louis Ludovic)
Detalhe do abrigo onde ficam guardados o livro de visitas, obituário dos combatentes e o mapa de localização. (Louis Ludovic)
Página do obituário com o registro de Cosme Lockwood Gomm. (Louis Ludovic)
Mapa com a localização das lápides. (Louis Ludovic)
A Cruz do Sacrifício. (Louis Ludovic)
A quadra 7, onde fica a lápide de Gomm. (Louis Ludovic)
A lápide de Gomm. (Louis Ludovic)
Uma vista frontal da lápide de Gomm. (Commonwealth War Graves Commision)
15 de agôsto de 1999. Membros do 467-463 Lancaster Squadrons Association acompanham o serviço religioso, junto à torre de comando de Bottesford. Completamente restaurada, a torre hoje funciona como o escritório de uma companhia que, felizmente, decidiu mantê-la preservada para a posteridade. (Harold Hernaman)
Vista interna da igreja em Bottesford onde o Livro de Honra está guardado. (Harold Hernaman)
A iluminadora e a calígrafa responsáveis pela criação do Livro de Honra do Memorial aos mortos em combate. (Harold Hernaman)
Página de abertura do Livro de Honra. (Harold Hernaman)
Na página dedicada ao dia 15 de agosto de 1943, a equipagem de Cosme Gomm (Harold Hernaman)

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