T-6 da Praça Ten. Av. Oldegard Olsen Sapucaia

A praça central de Rio Negrinho, SC, ostenta um North American T-6, pintado nas cores da Academia da Força Aérea da FAB. Este T-6 foi cedido pelo Ministério da Aeronáutica, cujo titular da pasta na época era o Brig. Joelmir Campos de Araripe Macedo. A inauguração do monumento foi em 23 de outubro de 1975 como uma homenagem ao Ten. Av. Oldegard Olsen Sapucaia, que nomeia a praça desde 1944, ano de sua morte.

Um Pouco Sobre o Aviador
O Ten. Av. Oldegard Olsen Sapucaia (apelidado de “Cocinha” no 1o Grupo de Caça) nasceu em Rio Negrinho, SC, e foi um dos aviadores brasileiros a combater na Segunda Guerra Mundial. Faleceu aos 21 anos de idade, em 7 de novembro de 1944.

De família militar, filho do General Médico Alfredo Gomes Sapucaia, herdou o apelido “Cocinha” de seu irmão, Orlando Olsen Sapucaia, o “Coça” da Arma da Cavalaria.

Ao receber sua estrela de Aspirante a Oficial Aviador foi convidado a permanecer na Academia como instrutor até seu voluntariado na Unidade Expedicionária. Fez uma rápida passagem pela Base Aérea de Recife, treinando nos P-40 e seguiu para Aguadulce, Panamá, para continuidade do treinamento. Seu primeiro líder de esquadrilha foi o Cap. Av. Lafayette Catarino Rodrigues de Souza na “Vermelha”. Ficou famoso entre os brasileiros e americanos por um pouso forçado, sem motor, ignorando os preceitos do Comandante Americano Gen. Gabriel P. Disosway, que sempre dizia: “Aviões a USAF faz em série, mas pilotos demoram 20 anos!”.

Do Panamá seguiram a Suffolk, nos Estados Unidos, onde conheceram o P-47 Thunderbolt, em junho de 1944. Teve alguns incidentes no treinamento, como quando o motor do seu P-47 parou e teve que aterrisar fora do campo. Vitimou um cavalo que pastava com uma pancada da asa na cabeça do animal. Outro incidente ocorreu no campo de Mastio, Long Island, NY. Nesta base, de pista estreita, as decolagens eram feitas por tempo, com cerca de 10 segundos entre uma aeronave e outra. O Cap. Av. Lafayette teve problemas com o pino de segurança da capota, que recolheu e fechou durante a corrida. Pela doutrina da época, era proibido decolar com a capota fechada, então ele parou a aeronave. O Tem. Av. Sapucaia vinha em seguida, e com destreza freou o avião, soltou a bequilha e comandou um “cavalo de pau”, apenas batendo a ponta de uma asa.

Alguns P-47 sofreram algumas alterações na capota e na quilha que ligava ao leme de direção à nacele do piloto. A capota tipo “bolha” foi introduzida e gerou a versão D-30. Estas alterações produziram diferenças na aerodinâmica da aeronave à qual os pilotos estavam acostumados, tornando perigosas as manobras onde era necessário cruzar os comandos. A ordem técnica esclarecia que a fábrica mandaria novas quilhas para instalação imediata, sanando a deficiência. Em 30 de agosto de 1944, o Cel. Grifitth (piloto norte-americano) quase perdeu a vida em Suffolk, em um ataque simulado, pelo defeito descrito acima.

Chegando à Tarquínia, em 7 de outubro de 1944, cada piloto recebeu sua aeronave, com ordens de voar por 5 horas, visando adaptação ao novo modelo e identificação da Zona de Interior (espaço aéreo que tem como limite máximo a Linha de Bombardeio ou Linha de Frente). O avião saía com plena carga para missão de combate: metralhadoras carregadas, bombas de 500 libras e belly tank cheio. Os pilotos descarregavam a munição em alvos fictícios e continuavam o reconhecimento.

Em 6 de novembro de 1944 faleceu o 2o Tem. Av. John Richardson Cordeiro e Silva, morto em combate ao atacar elementos motorizados em Bologna. Era sua primeira missão e os colegas pilotos lamentavam o fato. Até a presente data não havia sido recebida a ordem de proibição de manobras que cruzassem os comandos.

Em 7 de novembro de 1944, o “Cocinha” decolou para cumprir missão de ataque a elementos motorizados em Bologna. Ao recuperar o avião após um tiro, em uma sortida de adaptação, em manobra evasiva comandou uma derrapagem. Os comandos trancaram e a aeronave foi diretamente ao chão, a exemplo do acidente ocorrido com o Cel. Grifitth. O Ten. Av. Sapucaia decidiu abandonar a aeronave, mas o pára-quedas, sem altura suficiente, não abriu, e o piloto chocou-se ao solo, vindo a falecer. Dois dias depois, a manutenção do Grupo recebeu a tal notícia técnica, proibindo cruzar os comandos.

O Comandante Nero Moura, Ten. Av. Cmt. do 1oGrupo de Caça enviou correspondência de pêsames ao Major Alfredo Gomes Sapucaia, pai de Oldegard.

Ruas e Escolas
Em outros municípios existem referências ao Ten. Av. Oldegard Olsen Sapucaia. Existe a Rua Ten. Oldegard Sapucaia em Florianópolis, SC, e no Rio de Janeiro, RJ. Em Blumenau, SC, e Rua Tenente Oldegard e em Ijuí, RS, o Colégio Tem. Oldegard.

Como Chegar a Rio Negrinho.

Referências

1. Oliveira, Nivaldo Simões. Raízes da Comunidade, Rio Negrinho, SC. Editora e Gráfica Odorizzi – 2001.
2. Lima, Rui Moreira. Senta a Pua!. Biblioteca do Exército Editora – 1980.
3. Instituto Cultural da Aeronáutica. História Geral da Aeronáutica Brasileira. Instituto Cultural da Aeronáutica, Villa Rica – 1991.
4. http://www.amunesc.org.br

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